É o esforço final da campanha e os candidatos tentam todas as estratégias, seja a de chamar antigas estrelas, seja ir até a partidos estrangeiros pedir empréstimos para a partida mais importante da época.
É o caso do Chega que anunciou hoje a presença do líder do partido espanhol de extrema-direita Vox amanhã na campanha do Chega, participando num jantar/comício em Olhão.
Santiago Abascal já tinha manifestado o seu apoio ao Chega, num vídeo que foi partilhado nas redes sociais de André Ventura em 23 de janeiro. O líder do Vox defendeu que o presidente do Chega é “o único líder capaz de devolver a esperança a Portugal e derrotar a esquerda”.
A IL não vai ter companhia estrangeira numa ação de campanha, mas teve hoje um apoio de peso. O ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, manifestou o seu apoio ao presidente da IL, Rui Rocha, dizendo que o voto nas políticas liberais é uma aposta num “Portugal mais forte e mais próspero”.
Numa mensagem vídeo enviada à campanha da IL, Christian Lindner, líder do Partido Democrático Liberal (FDP), afirmou que Portugal se aproxima de uma “eleição significativa” e que o programa político da IL “surge como o catalisador essencial para moldar um novo futuro para todos os cidadãos portugueses”. “Enraizado no liberalismo, este programa defende o crescimento económico, a competitividade e a liberdade de escolha nos domínios da saúde e da educação”, reforçou.
Considerando que Portugal se encontra “numa encruzilhada crucial”, após quase uma década sob o domínio socialista, o ministro com a pasta das Finanças do Governo de Olaf Scholz referiu que “um voto na Iniciativa Liberal não é apenas um voto, é um voto por um Portugal mais forte e mais próspero”.
E acrescentou: “Rui Rocha corporiza esta visão com o seu conhecimento estratégico e com a sua energia positiva inabalável. Ele encarna plenamente o ADN liberal da nossa família europeia”. Christian Lindner salientou ainda que as eleições legislativas irão definir o rumo do país, daí a sua “enorme importância”.
As presenças - ou falta delas - de líderes na campanha tem dado que falar. Para muitos uma vantagem, para outros ativos tóxicos. O líder do Partido Trabalhista Português (PTP), José Manuel Coelho, afirmou hoje que a Aliança Democrática (AD) não pode merecer a confiança dos portugueses quando o seu líder, Luís Montenegro, anda acompanhado por Pedro Passos Coelho e Durão Barroso.
“Quando olho para a campanha do senhor Luís Montenegro, acompanhado pelo senhor Passos Coelho, de sinistra memória, e pelo senhor Durão Barroso, um genocida, um homem que se uniu ao Bush, ao Blair e ao Aznar, para ceder a base dos Açores aos Estados Unidos para invadirem o Iraque, onde morreram 300 mil pessoas entre militares e civis, isso não pode merecer a confiança dos portugueses”, disse José Manuel Coelho.
José Manuel Coelho não se referiu a Paulo Portas, e por isso fica-se sem saber sob que chapéu o incluíria (ainda que se possa suspeitar). Mas esse é um dos nomes que hoje também se junta à campanha da AD. O antigo presidente do CDS-PP Paulo Portas vai discursar hoje no jantar-comício da Aliança Democrática, nas Caldas da Rainha (Leiria), informou a estrutura de campanha.
O antigo vice-primeiro-ministro será o segundo ex-líder do CDS-PP a discursar na campanha da AD, depois de Assunção Cristas o ter feito em Ourém, no distrito de Santarém.
Dos antigos presidentes do PSD, discursaram em comícios da AD Pedro Passos Coelho, Durão Barroso e Luís Filipe Menezes, enquanto Pedro Santana Lopes - que se desfiliou do partido em 2018 mas admite regressar – apareceu a dar apoio na Figueira da Foz.
O apoio de antigos líderes não é só uma estratégia da AD, o PS também tem usado da presença de Costa. E hoje o ainda Primeiro Ministro vai estar presente no comício do PS mas sem discursar, na Aula Magna, em Lisboa.
António Costa foi um dos oradores no sábado passado no comício do Porto, no pavilhão Rosa Mota – o maior até agora da presente campanha eleitoral dos socialistas –, estará hoje à noite na Aula Magna e deverá voltar à campanha no último dia, na sexta-feira, para a tradicional descida do Chiado.
Num dia em que tantos nomes foram trazidos a público, Mortágua - que também tem contado com o apoio de Catarina Martins - continua a lamentar que ainda não se saiba quem são os financiadores do Chega. O partido que tem apelado à transparência e usa como bandeira o fim da corrupção, tem querido manter os nomes daqueles que lhe doam em dinheiro em segredo.
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, apontou que os únicos nomes que André Ventura continua sem dizer são os dos financiadores do Chega, desvalorizando as declarações de segunda-feira sobre eventuais entendimentos à direita.
“A única notícia relevante e novidade que vi ontem [segunda-feira] sobre o Chega e o partido de André Ventura é a noticia que dá conta que não divulgou ainda a lista de financiadores e que não deu à Entidade das Contas todas as informações que tinha que dar e, portanto, o partido continua em situação irregular ao não dar as informações sobre os financiadores”, respondeu a líder do BE aos jornalistas, à margem de uma visita à Associação Solidariedade Imigrante, em Lisboa.
Se a sabedoria popular - e em eleições, o povo é quem mais ordena - não nos falhar, poder-se-á dizer "diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és", ou "águas passadas não movem moinhos", mas ainda "amigos, amigos, negócios à parte". E, claro, "em casa de ferreiro, espeto de pau." Tal como se deve fazer no domingo com a cruzinha, é escolher o ditado que melhor representar.
*Com Lusa
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