Da Europa à Ásia, passando também pelos continentes americano e africano, várias iniciativas foram programadas para assinalar este dia, instituído desde 1975 pelas Nações Unidas, que pretende celebrar as conquistas das mulheres e promover os seus direitos.
Em Espanha, uma greve feminista está a mobilizar milhares de mulheres que escolheram não comparecer hoje nos respetivos postos de trabalho em escritórios ou em fábricas para exigir um mundo mais equilibrado em termos de género e um combate mais efetivo contra as diferenças salariais, a violência e uma desigualdade generalizada.
Outras mulheres optaram por suspender tarefas domésticas ou deixar outras ações, como por exemplo os cuidados relacionados com os filhos, para os seus parceiros do sexo masculino.
A par da paralisação, milhares de pessoas, a maioria mulheres, concentraram-se hoje de manhã no centro de Madrid para participar numa ação convocada por um sindicato estudantil.
Mulheres de várias idades transportavam duas grandes faixas onde se podiam ler as frases “Os nossos corpos não são mercadoria” e “Sem feminismo não há revolução", segundo relataram as agências internacionais.
“Não estamos todas, faltam as assassinadas!”, “Se tocam numa, tocam em todas!” ou “A rua, à noite, também é nossa!” foram algumas das frases de ordem entoadas durante a marcha em Madrid.
Marchas com contornos semelhantes foram também realizadas em outras cidades espanholas.
Em Portugal, concentrações previstas em várias cidades e uma inédita Greve Feminista, com cinco sindicatos com pré-avisos emitidos para a paralisação que espera ser uma “greve social” e um momento de reflexão, marcam o Dia Internacional da Mulher.
Na quinta-feira, o país cumpriu, pela primeira vez, o dia de luto nacional em memória às vítimas de violência doméstica.
Já em França, o primeiro prémio Simone Veil (primeira mulher presidente do Parlamento Europeu e antiga ministra da Saúde francesa) foi entregue à ativista dos Camarões Aissa Doumara Ngatansou, que tem lutado contra os casamentos forçados e outras formas de violência contra meninas e mulheres. A ativista foi forçada a casar quando tinha 15 anos.
Na Índia, centenas de mulheres marcharam nas ruas de Nova Deli para exigir o fim da violência doméstica, dos ataques sexuais e da discriminação laboral.
Neste país, milhares de mulheres são mortas todos os anos – em muitos casos molhadas com gasolina e queimadas até à morte – porque o seu noivo ou a família do futuro marido consideram que o seu dote de casamento é inadequado.
Os partidos políticos indianos prometem há vários anos instituir uma quota de 33% de mulheres no parlamento, mas, até à data, nenhuma legislação foi aprovada nesse sentido.
Ainda no continente asiático, o dia também foi assinalado em diversos países, como as Filipinas, onde centenas de mulheres se vestiram de roxo e protestaram em Manila para exigir a destituição do Presidente Rodrigo Duterte.
As manifestantes acusaram Duterte de piadas sexistas e defenderam que o chefe de Estado filipino representa uma ameaça à democracia naquele país.
Nos Estados Unidos, o Dia Internacional da Mulher também está a ser assinalado sob o lema “#BalanceforBetter”, frase que pretende promover mais equilíbrio entre mulheres e homens.
Seminários, ações de ruas e iniciativas culturais estão programadas para hoje.
Na quinta-feira, a primeira-dama norte-americana, Melania Trump, homenageou mulheres oriundas de 10 países - Bangladesh, Djibouti, Egito, Irlanda, Jordânia, Montenegro, Myanmar (antiga Birmânia), Peru, Sri Lanka e Tanzânia - com o Prémio Internacional Mulheres de Coragem.
Entre as galardoadas constaram ativistas de direitos humanos, agentes policiais e uma jornalista de investigação
Em África, mais de 100 mulheres manifestaram-se hoje no centro de Nairobi, Quénia, para protestar contra a violência de género.
O protesto, convocado por feministas quenianas sob o lema “Humanizar os corpos das mulheres negras”, pretendeu exigir ao governo do país ações concretas contra a violência sexista.
“Saímos para a rua como feministas porque estão a matar-nos todos os dias, mas não existe nenhum diálogo sobre isto nas instituições. Queremos introduzir o feminismo na discussão pública porque, enquanto estão sentados, mais mulheres vão continuar a morrer”, declarou a advogada e uma das organizadoras do protesto, Vivian Ouya, citada pela agência noticiosa espanhola EFE.
Na Etiópia, o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, que nomeou em 2018 um governo em que metade dos cargos são ocupados por mulheres, afirmou hoje que "as mulheres são os pilares da nação e as menos reconhecidas por seus sacrifícios".
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