"Nós, membros do Congresso dos EUA, solidarizamo-nos com a deputada brasileira Talíria Petrone. (…) Após receber várias ameaças de morte credíveis - e de não ter recebido proteção adequada do Governo brasileiro - Petrone foi forçada a esconder-se para garantir a sua segurança e da sua filha de cinco anos", diz a carta, partilhada pela deputada Susan Wild, na rede social Twitter.
Talíria Petrone, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), viu-se obrigada a deixar o Rio de Janeiro após ser notificada pela Polícia brasileira sobre mensagens de áudio, com planos para a assassinar, e com ameaças de morte.
"É totalmente inaceitável para nós que funcionários eleitos numa democracia estejam incapazes de cumprir os seus mandatos devido a ameaças contra eles e suas famílias. Pedimos uma investigação completa e imparcial, a fim de identificar e processar aqueles que são responsáveis pelas ameaças", frisaram os congressistas.
"É importante notar que a deputada Petrone é, como a maioria dos brasileiros, afro-brasileira. Enquanto os afro-brasileiros representam 54% da população total do país e as mulheres compõem 51,8%, a Câmara dos Deputados do Brasil é composta por apenas 24,3% de afro-brasileiros e 15% mulheres legisladoras. Sabemos muito bem como pode ser difícil obter equidade e representação governamental em países com altos níveis de disparidade racial e de género", observa o texto.
Na carta, os democratas responsabilizam Bolsonaro por não garantir segurança às autoridades eleitas no país e acusam-no de "minar os direitos e a dignidade de amplas faixas da população brasileira".
"Como Presidente, Bolsonaro continua a minar os direitos dos afro-brasileiros, mulheres, indivíduos LGBT (sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros), povos indígenas e outros. (...) É por isso que, desde o início da Presidência de Bolsonaro, uma ampla coligação de membros do Congresso dos EUA se manifestou contra e trabalhou para conter o elogio consistente da administração de Trump (PR dos EUA) a Bolsonaro", diz o texto.
Na carta, os congressistas norte-americanos mencionam ainda o assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018, e ameaças contra o ex-deputado Jean Wyllys, que deixou o país, ambos do PSOL, tal como Talíria Petrone.
"Continuaremos com o povo brasileiro e opondo-nos às antidemocráticas e xenófobas ações tomadas pelo Presidente Bolsonaro”, acrescenta a carta, assinada por 22 democratas.
Deputados democratas norte-americanos já vinham criticando várias medidas do Governo Bolsonaro, principalmente em questões de direitos humanos e política ambiental.
Com a vitória do democrata Joe Biden nas presidenciais deste ano, a ala mais à esquerda do partido deverá pressionar o Presidente eleito nesse sentido.
“Ao eleger Joe Biden, os americanos criaram uma oportunidade para o nosso país de se distanciar das políticas autoritárias e racistas abraçadas pelo Governo de Trump. É imperativo que o Governo de Biden e os membros do Congresso defendam os direitos de trabalhadores ao redor do globo, incluindo ativistas afro-brasileiros, protetores de terras indígenas e sindicalistas no Brasil”, disse ao jornal Folha de S.Paulo o deputado norte-americano Andy Levin, um dos signatários da carta.
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