“Um Bloco plural para uma Alternativa de Esquerda – um desafio que podemos vencer!” é o ponto de partida de cerca de 40 militantes do BE que pretendem constituir uma plataforma unitária para apresentar uma moção à XIII Convenção Nacional, sendo estes tópicos, segundo avançado à agência Lusa, subscritos por nomes como o histórico da UDP Mário Tomé, o antigo deputado Carlos Matias ou Rui Cortes, do movimento Convergência.
“Após a XII Convenção, nas legislativas antecipadas de 2022, a campanha concentrada na repetição de um acordo com o PS foi um dos fatores de derrota. O Secretariado Nacional recusou fazer balanço, retirar conclusões e corrigir a linha política, pelo que se impunha a realização atempada de uma Convenção”, criticam num dos pontos sob o tema “o Bloco surge para afirmar um projeto de transformação da sociedade”.
Na opinião destes bloquistas, críticos da atual direção, “sem capacidade de reconhecer o erro da orientação insistentemente prosseguida desde meados da legislatura 2015-2019”, ou seja desde o meio da geringonça, “o atual discurso contra a maioria absoluta PS não é coerente, torna-se oco e retira confiança aos militantes e a muitos setores que apoiaram o Bloco”.
“A linha de ‘excessiva proximidade ao PS’ que determinou campanhas eleitorais do Bloco sem coerência nem autonomia, com expectativas e objetivos dependentes de novos acordos com o Governo, resultou num ciclo de perdas eleitorais e de estreitamento da influência política”, condenam.
Por isso, para estes aderentes do BE é preciso “uma orientação com autonomia que reponha a radicalidade do discurso, a ação na defesa dos trabalhadores e a respostas à emergência climática, em vez do eleitoralismo marcado pela superficialidade, gerido em função da possibilidade de entendimentos parlamentares com incidências governativas”.
Construir uma “alternativa de esquerda” exige o combate à maioria absoluta do PS, “apoiado num novo projeto de sociedade”, defendem estes bloquistas, considerando que o espaço para esta alternativa “existe e não se resume ao Bloco, que não pode deixar de ter papel catalisador”.
“Queremos uma linha de diálogo com todas as forças – partidárias, sociais e do conhecimento, capazes de se posicionarem à esquerda do Governo, nas suas propostas aos problemas sociais criados pelas crises e pela ofensiva neoliberal”, pedem.
Em termos internos, estes bloquistas defendem “o pleno funcionamento” do partido, opondo-se à “excessiva centralização pelo Secretariado Nacional (que não é considerado pelos Estatutos um órgão) da iniciativa política e das fronteiras dos debates internos, com aberta desvalorização da Comissão Política, da Mesa Nacional e dos órgãos intermédios e de base”.
“Rejeitamos a prática de má memória do tipo “centralismo burocrático” disfarçado de democrático. O pluralismo no Bloco não deve ficar encerrado nas tendências, deve dar espaço às diferenças que naturalmente surgem das múltiplas experiências e saberes, com rejeição absoluta das perseguições internas por delito de opinião”, pode ainda ler-se.
Para “reconstruir um Bloco forte”, estes militantes prometem dar atenção à atividade de base e aos núcleos locais, “combatendo o fechamento e a autossuficiência centralista” e também “valorizar a iniciativa e a decisão participada, combatendo o centralismo”, bem como “revalorizar a pluralidade, marca genética do Bloco esmagada pelo sectarismo interno”.
A próxima reunião magna do BE decorre no final de maio, em Lisboa, e já se sabe que Catarina Martins vai deixar o cargo de coordenadora nessa convenção, devendo ser a deputada Mariana Mortágua a candidata pela moção A.
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