“Insisto que África é uma prioridade para a UE e estamos cientes de que o continente está submetido a uma enorme pressão”, declarou o Alto Representante da UE para a Política Externa, falando numa videoconferência de imprensa a partir de Bruxelas.
Respondendo a questões após uma videoconferência de ministros do Desenvolvimento da UE, na qual foi discutida a ajuda da União aos países parceiros em desenvolvimento, Josep Borrell notou que, “em África, as consequências da atual pandemia podem ser de uma escala completamente diferente do que acontece noutras partes do mundo”.
“Os países africanos têm necessidades de saúde imediatas e vão enfrentar consequências económicas e sociais desta pandemia”, sublinhou o responsável.
As declarações de Josep Borrell foram feitas no mesmo dia em que a Comissão Europeia anunciou que vai alocar 3,25 mil milhões de euros a África, de um total de 15,6 mil milhões de euros que vai disponibilizar aos países em desenvolvimento, visando apoiar o continente africano a combater a pandemia de Covid-19.
E surgem também um dia depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter anunciado que a UE iria mobilizar 15 mil milhões de euros para ajudar países africanos e outros parceiros a ultrapassarem a crise gerada pela covid-19, visando “colmatar necessidades prementes”.
Bruxelas explicou hoje que este apoio financeiro será feito através de uma reorientação das ajudas já disponibilizadas aos países em desenvolvimento.
Josep Borrell admitiu que “não há dinheiro novo” envolvido, mas garantiu que nenhum destes países irá perder verbas europeias de assistência, que serão antes redirecionadas.
Ainda relativamente a África, o chefe da diplomacia europeia precisou que, do ‘bolo’ dos 3,25 mil milhões, serão atribuídos 25 milhões de euros à investigação sobre o vírus e 18 milhões à produção de testes em laboratório.
Já questionado sobre as polémicas declarações de dois médicos franceses, que defenderam testes sobre uma potencial vacina para a covid-19 no continente africano, Josep Borrell vincou que “a ideia de utilizar África como laboratório é inaceitável”.
Sobre a criação da vacina, garantiu que “a Europa não está sentada à espera” de avançar com este tipo de soluções.
“Não estamos em compasso de espera, estamos a trabalhar e muito para a conseguir”, reforçou.
O Alto Representante da UE foi ainda questionado sobre possíveis perdões da dívida nestes países em desenvolvimento e, embora tenha indicado que este assunto não foi discutido na reunião de hoje, defendeu uma “resposta global para a moratória” destes empréstimos, tendo em vista uma redução do teto destes créditos.
Os países africanos reivindicam um perdão de dívida total devido aos constrangimentos que o combate à pandemia da covid-19 acarreta para estes países, que enfrentam igualmente um forte desequilíbrio orçamental originado pela descida das matérias-primas e pelo consequente aumento do endividamento.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.
Em África, o número de mortes provocadas pela Covid-19 ultrapassou as 500, com mais de 10.500 casos de infeção registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia no continente.
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