“A prioridade dada a titulares de altos responsáveis do Estado, sendo compreensível para situações concretas, tem uma generalização que se afigura excessiva”, lê-se num comunicado do gabinete de imprensa dos comunistas no dia em que foi noticiado que os titulares de órgãos de soberania, órgãos das regiões autónomas e autarcas começam a ser vacinados na próxima semana.
Para os comunistas, o “essencial e prioritário” é “garantir as condições para a rápida vacinação da população, o que exige que o país não fique dependente unicamente do programa de vacinas da União Europeia e das multinacionais farmacêuticas”.
O PCP concorda com as regras “definidas de acordo com as autoridades de saúde, abrange naturalmente setores com intervenção direta no combate à epidemia e grupos de risco”, mas discorda da prioridade aos políticos.
De acordo com um despacho, emitido na segunda-feira pelo primeiro-ministro, noticiado hoje pelo Diário de Notícias (DN), os titulares de órgãos de soberania, deputados, funcionários da Assembleia da República, membros dos órgãos das Regiões Autónomas e presidentes de câmara, enquanto responsáveis da proteção civil, vão começar a ser vacinados na próxima semana.
Segundo a mesma notícia, também a Provedora de Justiça, os membros do Conselho de Estado e a magistratura do Ministério Público vão começar a ser vacinados na próxima semana.
O primeiro-ministro, António Costa, enviou “cartas aos órgãos de soberania para que estabeleçam as prioridades para inoculação em cada um dos serviços” e pediu uma lista de funcionários de cada órgão que “devam ser considerados prioritários nesta fase".
"De modo a que se possa programar com precisão este processo é essencial definir, entre estes titulares, a indispensável ordem de prioridade, tendo em conta a limitada quantidade de doses disponíveis em cada semana", especifica António Costa na mensagem enviada ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.
Em comunicado, Francisco Rodrigues dos Santos sublinhou que a "prioridade na vacinação a todos os titulares de órgãos de soberania é um péssimo exemplo ao país" e também "um insulto" para os "que mais sofrem" com a pandemia.
"É indefensável colocar todos esses políticos à frente dos mais idosos, dos utentes dos lares, dos profissionais de saúde - tanto do público como do privado - e de outros grupos de risco que ainda não foram vacinados", declarou.
Francisco Rodrigues dos Santos reiterou que se estivesse abrangido por este "direito prioritário" cederia a sua vacina a um idoso.
"Defendo há muitas semanas a revisão imediata do plano de vacinação, para que os mais idosos, acima dos 80 anos, sejam incluídos na primeira fase do plano", acrescentou Rodrigues dos Santos.
(Notícia atualizada às 16:07)
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