Os subscritores do apelo afirmam que a decisão do episcopado causou “profunda mágoa e não pouca perplexidade”, e que, já no início da pandemia, se assistiu a “sacerdotes recusarem a sagrada comunhão a fiéis que, de forma lícita, pretendiam receber a comunhão na boca, tal como prevê e permite a Santa Igreja e a sua lei universal”.
Nas Orientações da Conferência Episcopal Portuguesa para a celebração do Culto público católico no contexto da pandemia de covid-19, publicadas em 02 de maio, o número 27 determina que “continua a não se ministrar a comunhão na boca”, algo que, segundo este grupo, “atenta gravemente contra as normas da Igreja Católica e, por conseguinte, contra a reverência devida ao santíssimo sacramento”.
No documento, que também foi enviado ao Núncio Apostólico em Portugal e à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, cujo prefeito é o Cardeal Robert Sarah, os subscritores vincaram que “não é permitido, em circunstância alguma, negar-se a sagrada comunhão aos fiéis que a desejem receber na boca”.
Segundo o grupo, esta ‘regra’ não deve ser quebrada, “nem mesmo em tempos de epidemia, à semelhança do que aconteceu com o H1N1, altura em que a referida Congregação para o Culto Divino o confirmou em resposta a múltiplas cartas que fiéis de todo o mundo lhe dirigiram”.
Mais, os subscritores dizem que “a diretiva da Conferência Episcopal Portuguesa, caracterizada por uma aterradora falta de Fé na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, é também teologicamente e cientificamente infundada, tendo em conta os pareceres teológicos e médicos que suportam o apelo nacional”.
O grupo acrescentou que, “até ao momento, não houve qualquer tipo de pronunciamento por parte da Conferência Episcopal Portuguesa, mas os subscritores do apelo não deixarão de se bater para que o seu pedido seja atendido, admitindo a hipótese de um recurso para a Santa Sé”.
Questionado pela Lusa, o padre Manuel Barbosa, porta-voz e secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, não comentou a nota de imprensa hoje divulgada pelo grupo de fiéis, mas sublinhou que, neste momento, e devido ao novo coronavírus, “a comunhão é na mão, e é isso que se mantém”.
Manuel Barbosa acrescentou apenas que a comunhão na mão “é a melhor maneira de preservar a saúde” dos fiéis e que esta prática não é exclusiva em Portugal.
Por seu turno, os subscritores informaram que “continuam a aconselhar a que os fiéis católicos portugueses se recusem a comungar na mão, consciencializando as comunidades para o perigo que caracteriza tal prática”.
E vão solicitar que “seja comunicado à Congregação para o Culto Divino o nome dos bispos e dos sacerdotes que, a partir do dia 30 de maio, eventualmente se venham a recusar a dar a comunhão na boca aos fiéis que assim o desejarem, de modo a que sejam acionados os necessários procedimentos previstos pela Igreja, disciplinares ou de proteção dos direitos dos fiéis”.
Este comunicado foi divulgado no mesmo dia em que o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, publicou uma mensagem sobre o retomar das celebrações com fiéis da Igreja Católica em Portugal, pedindo cautela para que o novo coronavírus não tenha terreno para se propagar.
Em Portugal, a partir de 30 de maio, estão autorizadas celebrações religiosas de acordo com regras definidas entre as autoridades de saúde e as confissões.
Portugal contabiliza 1.356 mortos associados à covid-19 em 31.292 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado hoje.
Portugal entrou no dia 3 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
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