No projeto de resolução do deputado único liberal, João Cotrim Figueiredo, que a agência Lusa teve acesso, o partido refere que a pandemia “afetou o dia-a-dia de milhares de milhões de pessoas por todo o mundo” e causou “impactos incalculáveis a nível social, económico e de saúde pública”, não tendo a saúde mental passado imune a esta “devastação”.
“A incerteza decorrente da instabilidade laboral causada pela profunda crise económica, a alteração súbita de rotinas quotidianas e o sentido de alerta constante induzido pela evolução inicial da pandemia sem conhecimento suficiente para tranquilizar a população geral criou um meio fértil para o surgimento e descompensação de doenças do foro mental em todos os estratos socioeconómicos e etários, agravando o já desolador cenário que colocava (antes da pandemia) Portugal como 2º país da Europa com maior taxas de incidência e prevalência anuais de doenças do foro psiquiátrico”, avisa o deputado liberal.
Por isso, a Iniciativa Liberal avança com a recomendação ao Governo para que adote 11 medidas para o “combate aos problemas de saúde mental tendo em conta a pandemia de covid-19”.
Entre as primeiras propostas, está a realização de estudos epidemiológicos “de base populacional para levantamento da 1ª manifestação ou agravamento de patologia psiquiátrica pré-existente” quer em doentes infetados quer em contactos e familiares de doentes.
Os liberais pretendem ainda que o executivo referencie automaticamente os doentes infetados para “linhas de apoio e acompanhamento, constituídas por profissionais da psicologia clínica, psiquiatria e estudantes dos respetivos cursos da formação pré-graduada, nomeadamente no contexto da já existente linha associada à Saúde 24”.
“Crie, expanda e reforce linhas nas redes sociais e linhas telefónicas de apoio à saúde mental com equipas que incluam psicólogos clínicos, estudantes de psicologia e outros cursos da área da Saúde com formação prévia dirigida e técnicos de assistência social, servindo como uma linha paralela à Saúde 24 para casos específicos aos impactos da pandemia e medidas reativas na saúde mental, infetados ou não por SARS-Cov2”, propõe.
O partido representado no parlamento por Cotrim Figueiredo quer ainda que os doentes “sujeitos a internamentos prolongados, doença particularmente grave ou sujeitos a procedimentos invasivos” sejam de imediato enviados para uma “consulta de avaliação por equipa multidisciplinar em saúde mental”.
Formação adicional a profissionais de saúde, particularmente aos dos cuidados de saúde primários, “sobre as principais sequelas neurológicas e psiquiátricas” desta doença é outra das medidas apresentadas, para além da criação de equipas de contacto com a Segurança Social e IEFP “para acompanhamento de proximidade a cidadãos que sofreram algum tipo de instabilidade laboral no decurso do impacto económico das medidas de combate à covid-19”.
A saúde mental dos profissionais de saúde é outras das preocupações deste projeto de resolução, sendo sugerido a criação de “estratégias de combate ao burnout”.
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