“Neste momento, já temos quatro doentes internados e durante o dia esperamos mais cinco ou seis, que já estão a fazer triagem no hospital. São doentes que têm indicação específica, bem definida, bem determinada para poderem vir para aqui. Portanto, ao longo do dia, vamos complementando o espaço e vamos aliviando o hospital”, afirmou o coordenador da estrutura.
Vítor Almeida, médico anestesista, explicava aos jornalistas hoje de manhã o funcionamento desta enfermaria a funcionar num pavilhão desportivo municipal, em Viseu, e que tem como “base de organização o modelo de um hospital de campanha” da NATO.
“A filosofia é baixar a carga de doentes ao hospital, para não prejudicar os doentes covid e não covid. A ideia é manter todo o funcionamento para doentes prioritários, para doentes oncológicos, traumatologia, para quem tem acidentes, etc. e essa tem de ser mantida. Os não covid não podem ser esquecidos”, assegurou Vítor Almeida.
Na estrutura do Fontelo ficam doentes com covid-19 que, apesar da alta hospitalar, não têm condições de regressar a casa, ou aos lares, e ficam doentes que “precisam de internamento, mas que estão em fase de melhoria, de estabilização e que podem, sim, estar noutra enfermaria, que é esta, mas que libertam o hospital para doentes mais críticos”.
Com Vítor Almeida estão outros profissionais com quem também trabalha no INEM e “há sempre uma retaguarda de especialidades clássicas, como a medicina interna, pneumologia”, entre outras, para assegurar situações mais críticas”, o que “só foi possível com a redução de alguma atividade cirúrgica”.
“São sempre equipas híbridas em que o ‘know how’ covid está presente, mas também o ‘know how’ em situação de emergência que facilita alguma intervenção. E temos uma salinha de emergência aqui dentro montada com todo o equipamento”, assegurou.
Está igualmente montado, com a proteção civil, tanto municipal como distrital, “todo um sistema de retaguarda de transportes e de transferências e inclusivamente de emergências, exatamente para não sobrecarregar o INEM, que já está sobrecarregado também”.
Quanto aos recursos humanos, Vítor Almeida reconheceu que “há recursos e há escassez, mas as pessoas têm de assegurar os turnos de uma forma ou de outra, há que fazer sacrifícios” e, nesta estrutura, contam também com profissionais dos Centros de Saúde (ACES).
“As questões de segurança têm de estar garantidas aqui como lá em cima [no hospital]. A questão é que as pessoas estão a fazer dois e três turnos seguidos e com 60 colegas infetados, neste momento, a pressão, como em todos os hospitais do país, é enorme”, assumiu.
Sem querer fazer qualquer previsão do que poderá acontecer nos próximos dias, Vítor Almeida defendeu que “a bola está dos dois lados”, ou seja, “do lado do hospital, como é óbvio, e do SNS, mas também, e sobretudo, neste especifico momento, da própria população que, se não cumprir, não vai ter camas, nem vagas, para poder tratar do doente que tem cancro, do que é atropelado e do que continua a adoecer e isso é crucial, os não covid não podem ficar para trás”.
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