A suspensão acontece “após relatos de casos graves de formação de coágulos sanguíneos em pessoas que foram vacinadas com a vacina covid-19 da AstraZeneca”, indicou a Agência Nacional de Saúde, sublinhando que, “neste momento, não se pode concluir a existência de uma ligação entre a vacina e os coágulos sanguíneos”.
Segundo a autoridade de saúde dinamarquesa, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) já iniciou uma investigação sobre o assunto.
A Áustria anunciou na segunda-feira ter interrompido a administração de um lote de vacinas produzidas pelo laboratório anglo-sueco após a morte de uma enfermeira de 49 anos que sucumbiu a “sérios problemas de coagulação” poucos dias depois de ter recebido a vacina.
Quatro outros países europeus, Estónia, Lituânia, Letónia e Luxemburgo, suspenderam depois a vacinação com doses provenientes do mesmo lote, entregue em 17 países e que incluía um milhão de vacinas.
A Dinamarca suspendeu o uso de todas as vacinas da AstraZeneca.
Na quarta-feira, um inquérito preliminar da EMA sublinhava que não existia qualquer relação entre a vacina da AstraZeneca e a morte ocorrida na Áustria.
Até 09 de março, apenas 22 casos de tromboses tinham sido assinalados em mais de três milhões de pessoas vacinadas no espaço económico europeu, segundo a EMA.
A Agência Nacional de Saúde da Dinamarca referiu a existência de alguns casos de coágulos, um dos quais relacionado com uma morte, adiantando que fará uma nova avaliação na penúltima semana de março.
“Estamos a realizar a maior e mais importante campanha de vacinação da história da Dinamarca e necessitamos de todas as vacinas que pudermos. Por isso não é uma decisão fácil suspendê-la. Mas devemos reagir com cautela quando há indícios de possíveis efeitos graves”, disse o diretor da agência dinamarquesa, Soren Brostrom.
O responsável sublinhou que se trata de uma pausa e que existe “boa documentação” de que a vacina da AstraZeneca é “segura e eficaz”, mas disse que as autoridades dinamarquesas são obrigadas a reagir às informações de possíveis efeitos.
Todas as marcações e pedidos para imunização no país com a referida vacina ficam suspensos e quem já recebeu a primeira dose deve aguardar até um novo aviso.
A medida implica mudanças no plano de vacinação, que se atrasará, na pior das hipóteses, quatro semanas até 15 de agosto, data em que se prevê que toda a população que o deseje tenha sido imunizada.
“Em primeiro lugar é importante que, quando surgem riscos em relação a uma vacina, eles sejam investigados. Por isso penso que é correto suspender a vacinação com a AstraZeneca”, disse a primeira-ministra dinamarquesa, Mete Frederiksen, numa conferência de imprensa.
Apesar de lamentar o atraso na campanha de vacinação, Frederiksen indicou acreditar que no verão a situação na Dinamarca estará “quase normalizada (…) desde que os dinamarqueses continuem a ser testados e vacinados".
A vacina da AstraZeneca é uma das três vacinas contra o vírus SARS-CoV-2 aprovadas até ao momento pela EMA e, como tal, em uso em Portugal.
A da Pfizer/BioNTech (também conhecida como Comirnaty) obteve 'luz verde' a 21 de dezembro de 2020, a da Moderna, a 06 de janeiro, e da AstraZeneca, a 29 de janeiro.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.611.162 mortos no mundo, resultantes de mais de 117,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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