O facto de António Costa “chamar a si” a gestão do dossier da resposta ao surto de Covid-19” mostra “alguma quebra de confiança que existe na ministra da Saúde, mas também da diretora-geral de Saúde, que chegou até mesmo a dizer que um milhão de portugueses poderiam vir a estar infetados”, afirmou Francisco Rodrigues dos Santos aos jornalistas, a meio de uma visita ao Salão Internacional do Setor Alimentar e Bebidas (SISAB), no Altice Arena, em Lisboa.
“O que me parece a mim que o Ministério da Saúde já estava a ser temido pelos portugueses agora está tremido porque o primeiro-ministro entendeu que devia ser ele a lidar com este ‘dossier’”, afirmou, fazendo um trocadilho com o nome da ministra da área, Marta Temido.
O líder centrista recordou que o seu partido pediu esclarecimento da governante, na terça-feira, no parlamento, por entender ser “fundamental restaurar um clima de confiança sobre o Ministério da Saúde que permita encarar com otimismo e estabilidade esta ameaça do Covid-19”.
O que se passou, em seu entender, nos últimos dias não tem ajudado a esse “clima de confiança” e causou uma “cacofonia” e “desinformação entre a ministra da Saúde e a diretora-geral de Saúde” em que “ora se diz uma coisa às terças-feiras, às quartas diz-se outra”, entrando-se “em contradições graves que geram alarmismo” na sociedade.
“Por um lado, dizia-se que todos os portugueses que tinham estado em contacto e que constituíam uma população de risco deviam estar isolados. Depois tivemos a diretora-geral de Saúde a dizer que isto não era necessário. Dizia-se que tínhamos um plano de contingência ativado que permitiria o isolamento e tivemos doentes putativo mente contaminados a ser isolados em casas de banho de centros de saúde”, exemplificou.
O que é preciso, admitiu, são “estímulos positivos” para os portugueses perceberem que “comportamentos seguros e cautelares é que devem adotar para que, dentro do possível, o país retome a sua normalidade e não tenha impactos negativos no turismo, na economia e na vida social”.
Depois de visitar vários stands e ter cumprimentado, com um aperto de mão ou beijo, vários dos expositores, Francisco Rodrigues dos Santos admitiu algumas dificuldades em seguir os conselhos.
“Confesso que, se calhar, como muitos portugueses, estamos com alguma dificuldade em perceber que comportamentos são. Tem havido um défice de comunicação, atabalhoada e altamente deficiente que impede que grande maioria dos portugueses percebam quais são os comportamentos avisados e responsáveis e previdentes que devem adotar nesta fase”, afirmou.
O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou cerca de 3.200 mortos e infetou mais de 93 mil pessoas em 78 países, incluindo cinco em Portugal.
Das pessoas infetadas, cerca de 50 mil recuperaram.
Além de 2.983 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou cinco casos de infeção, dos quais quatro no Porto e um em Lisboa.
Durante a visita matinal ao SISAB, acompanhado por vários dirigentes do CDS, Rodrigues dos Santos falou com os produtores, provou os produtos, queijos e vinhos, por exemplo, e fez o elogio aos produtores, chegando a brindar com vinho do Douro aos seus êxitos.
O líder dos centristas fez votos que a, apesar dos efeitos do surto de Covid-19, que afastou alguns potenciais clientes do SISAB, a “economia portuguesa possa entrar numa rota de crescimento”.
De forma, explicou, que “o Estado seja social e não antissocial e que apoie uma fatia muito considerável” da sociedade, os mais idosos, que “está cada vez mais aumentar”.
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