Questionado pela agência Lusa sobre o impacto da pandemia nas contas globais da região, a propósito das declarações do primeiro-ministro António Costa (que considerou que a economia portuguesa “resistiu melhor” à crise do que era esperado), Bolieiro mostrou reservas quanto aos dados económicos divulgados no período da pandemia.
“Sempre fiz reserva relativamente aos dados estatísticos quanto ao emprego ou desemprego gerado em período pandémico, também tenho obviamente aqui as minhas reservas para aprofundar estudo e conhecimento quanto aos impactos, que no âmbito do PIB, produto interno bruto gerado durante este período pandémico”, declarou aos jornalistas.
E prosseguiu: “não seria tão otimista quanto o senhor primeiro-ministro”.
O chefe do executivo açoriano falava hoje no palácio de Sant’Ana, residência da presidência do Governo Regional, em Ponta Delgada, após uma audiência com a Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas dos Açores (AICOPA).
José Manuel Bolieiro acrescentou que a visão do primeiro-ministro é positiva porque assim os Açores podem contar com a “solidariedade do Estado”.
“Eu sempre entendi que a vida se faz com a ajuda da estatística para a interpretar, mas a vida não vive da estatística, nem sequer da contabilidade pública, mas sim da realidade efetiva”, disse.
O social-democrata considerou ainda as obras públicas e a construção civil como uma “boa alavanca” para a retoma da economia nos próximos anos.
“A própria indústria da construção civil também é essencial como alavanca para a retoma e empregabilidade consistente na nossa economia”, afirmou.
Bolieiro avançou que uma “parte significativa dos recursos financeiros” provenientes do instrumento de recuperação e resiliência europeu para superar a crise da covid-19, vão ser alocados à construção civil e às obras públicas.
“Temos obviamente no quadro do instrumento de recuperação e resiliência a justa expectativa de podermos dedicar uma parte significativa dos recursos financeiros que virão desse instrumento para a indústria da construção civil, designadamente para a obra pública”, apontou.
O presidente do Governo Regional disse ainda que o executivo pretende reativar o conselho regional de obras públicas e que o próximo orçamento da região para 2021 vai “concluir o que está por concluir” em termos de obras públicas.
“Quanto ao plano e orçamento, nós teremos obviamente a sensibilidade para desde logo concluir o que está por concluir em matéria de obra pública e garantir o pagamento a tempo e horas aos prestadores desse serviço”, disse.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro recusou que o Governo tenha recorrido a poupanças na despesa ao longo de 2020, em conjuntura de crise sanitária, contrapondo que a receita ficou acima do estimado por causa do IRS e emprego.
Na perspetiva do primeiro-ministro, o défice previsto para 2020 foi menor “porque a economia portuguesa resistiu melhor” do que o estimando aos efeitos da crise sanitária.
Existem presentemente 126 casos ativos na região, sendo 104 em São Miguel, 16 na Terceira, dois no Faial, três em São Jorge e um no Pico.
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