“Do Reino Unido há um aumento muito expressivo de reservas, quer de voos, quer alojamento, com uma diferença nos diferentes segmentos, mas toda positiva”, afirmou à Lusa João Fernandes, considerando que este aumento reflete a "notoriedade” de Portugal como destino seguro no contexto da pandemia de covid-19.
“A não acontecer um imprevisto associado a um problema de segurança, como uma nova estirpe, ou uma nova vaga, o Algarve terá um verão certamente melhor que o ano passado, com procura interna e externa, e os últimos meses do ano terão uma proximidade com um ano normal para aquele período”, estimou.
Segundo aquele responsável, o impacto do aumento das reservas vai fazer-se “sentir logo em maio” embora de forma de mais ténue do que em junho, julho e agosto. Outro sinal, acrescenta, são as reservas de golfe “para o último quadrimestre”, que estão a “níveis muito interessantes”.
João Fernandes notou que “as perspetivas já eram boas por parte do mercado nacional, espanhol irlandês” e pelo facto de a Alemanha ter “retirado o Algarve da zona de risco”, na passada sexta-feira, depois de já ter feito o mesmo relativamente ao resto do país.
A “notoriedade de Portugal como destino seguro” pode vir a ser reforçada com a “discriminação positiva” dada pelo Reino Unido, já que chegam “boas notícias da Holanda e Bélgica” em relação à avaliação de risco para o país.
Na sexta-feira passada, o Governo britânico anunciou a inclusão de Portugal na "lista verde" de países considerados seguros para viajar e isentos de quarentena na chegada a Inglaterra, a partir de 17 de maio.
Portugal é uma das exceções dentro da Europa, juntamente com Israel e Gibraltar, enquanto a maioria vai ficar na lista "amarela", sujeita a restrições mais apertadas, como Espanha, França e Grécia.
Segundo João Fernandes, o aumento de “ligações, rotas e a disponibilidade de lugares desde o Reino Unido”, por parte de várias companhias aéreas, veio alterar a previsão de voos com origem naquele país para o Aeroporto de Faro, que deverá “passar de um [voo] para 20, já no dia 17 de maio”.
Para João Fernandes, é “essencial” que no Conselho de Ministros de quinta-feira o Governo anuncie a possibilidade de viagens não essenciais partir do Reino Unido, “porque até dia 16 vigoram as regras previstas no estado de calamidade”, não permitido essas viagens “de países terceiros”.
“É essa a expectativa, todas as indicações são nesse sentido, mas obviamente que essa notícia tem de vir cá para fora para que haja segurança por parte das companhias aéreas, dos operadores e da oferta turística, que este potencial de procura se concretiza”, advertiu.
A abertura das fronteira com Espanha “dois meses antes do que aconteceu no ano passado" levou muitos espanhóis a visitarem Portugal mais cedo, num impacto que se sentiu “mais no comércio e restauração”, avançou.
Apesar do otimismo, João Fernandes recorda que os estudos apontam para uma recuperação efetiva “até 2023, do lado da procura”, já que do lado da oferta os “prejuízos deste período pandémico vão levar muitos mais anos a recuperar”.
Para o responsável, a pandemia veio aumentar o “stress acumulado nos canais de distribuição” que já se sentia no setor - e se refletiu na falência de operadores e companhias aéreas -, algo que, aponta, “poderá acontecer no período pós-verão”.
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