Representantes de professores de medicina de 20 universidades da Coreia do Sul, que também são médicos chefes em hospitais universitários, reuniram-se hoje.
O líder do grupo, Bang Jae-seung, disse que 16 das universidades declararam-se “massivamente a favor” do apoio aos jovens médicos.
Os professores de “cada universidade decidiram enviar cartas de demissão a partir de 25 de março”, disse Bang aos jornalistas.
“Chegámos a um consenso de que, até que a demissão seja finalizada, cada indivíduo terá de fazer o seu melhor para cuidar dos seus pacientes, como tem feito até agora”, sublinhou o dirigente.
Bang não revelou o número exato de professores que poderão deixar os cargos a partir de 25 de março.
A greve por tempo indeterminado foi lançada em 20 de fevereiro, contra a reforma do setor promovida pelo Governo da Coreia do Sul, que inclui o aumento do número anual de licenciados em medicina de 3.000 para 5.000.
A Associação Médica Coreana denunciou que estas medidas implicam uma carga insustentável para as universidades e não resolvem a falta de incentivos para escolher as especialidades mais mal pagas, como a pediatria, ou para preencher vagas em locais remotos.
Bang Jae-seung disse que os médicos não podiam aceitar tal aumento e pediu ao Governo que reconsiderasse o plano.
“Sem isso será impossível iniciar negociações”, disse, acrescentando que “se a situação continuar, os hospitais universitários entrarão em colapso em breve, o que será um duro golpe para o sistema médico”.
A greve perturbou o funcionamento dos hospitais da Coreia do Sul, obrigando a cancelar tratamentos cruciais e cirurgias.
Quase 70% (8.945) dos 13 mil médicos residentes do país entregaram cartas de demissão numa centena de hospitais universitários e a esmagadora maioria permanece ausente, apesar do Governo ter emitido uma ordem de regresso ao trabalho.
De acordo com a lei sul-coreana, os médicos, considerados trabalhadores essenciais, não podem fazer greve.
O Governo da Coreia do Sul anunciou na segunda-feira o início dos procedimentos para suspender as licenças de mais de 4.900 jovens médicos, o primeiro passo antes de uma suspensão administrativa de três meses.
Esta medida poderá ainda atrasar em mais de um ano o curso de especialização e quaisquer formações posteriores na carreira, já que os processos dos médicos vão ficar com a medida disciplinar e o motivo registados.
O ministro da Saúde sul-coreano, Cho Kyoo-hong, prometeu ser tolerante com os médicos que abandonem a greve antes de concluídos os procedimentos de suspensão.
A 03 de março, cerca de 30 mil médicos — 15 mil, indicou a polícia local — manifestaram-se nas ruas de Seul.
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