Portugal tem ao nível da saúde um “sistema que não é amigo do cidadão”, declarou Ana Paula Martins, bastonária da Ordem dos Farmacêuticos no discurso em que apresentou as conclusões da Convenção Nacional da Saúde, que hoje decorreu em Lisboa.
“Os portugueses não podem ter listas de espera de anos por uma primeira consulta da especialidade ou cirurgia, não podem ter as enormes falhas de medicamentos que têm atualmente na nossa rede de farmácias, não podem esperar eternidades por tratamentos inovadores que podem fazer a diferença, não podem continuar a não ter cuidados continuados e paliativos para si e para os seus quando necessitam, que não só gera sofrimento e desesperança, mas sobrecarrega desnecessariamente as famílias e os cuidadores, exaustos e perdidos num sistema que não é amigo do cidadão”, afirmou.
Ana Paula Martins, apresentando as conclusões da Convenção, disse que se vive uma “época difícil e complexa”, sobretudo porque o Serviço Nacional de Saúde “dá sinais de cansaço depois de anos seguidos de resiliência e resistência dos profissionais, redução de horários de trabalho sem os consequentes planos de reorganização e incentivo à produtividade, sem a renovação das infraestruturas, sem autonomia na gestão, com falta de investimento planeado, sem reforço do capital humano ou aposta séria na prevenção”.
Foram “anos de impactos” em todos os agentes do sistema de saúde e “anos de desesperança, muitas vezes sem estabilidade ou previsibilidade” nas políticas.
“Ao SNS é há muito tempo pedido que faça o possível e o impossível, que integre a inovação tecnológica e terapêutica sem financiamento adicional, que motive os profissionais sem sistemas de incentivo adequados e carreiras organizadas, que seja inclusivo e não deixe ninguém para trás, que seja porto de abrigo dos casos sociais, que assuma que o cidadão é o centro do sistema quando ao cidadão são vedadas as possibilidades de participação já constantes até na Lei”, declarou a bastonária dos Farmacêuticos.
Segundo o discurso com as conclusões da Convenção, o “SNS e o sistema de saúde não podem ser uma fonte de problemas para os portugueses”.
“Não queremos viver presos ao passado porque já não somos, felizmente, esse país onde a esperança média de vida não ultrapassava os 69 anos e em cada 100.000 partos realizados morriam 43 mulheres”, lembrou.
Comentários