Alexandre Fonseca falava aos jornalistas no final da audição na comissão parlamentar conjunta de Economia, Inovação e Obras Públicas e de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito de um requerimento do Bloco de Esquerda (BE) sobre a compra da dona da TVI pelo grupo Altice.
O presidente executivo da Altice Portugal adiantou que a compra da dona da TVI pelo grupo, que classificou de "projeto de investimento" em Portugal, "vai contribuir para o enriquecimento do setor" de media no mercado.
"Acredito que o grupo Media Capital está recheado de extraordinários profissionais, se o negócio evoluir", prosseguiu, referindo que se fosse colaborador da empresa, "não estaria preocupado", uma vez que não há planos para despedimentos.
Durante a audição e no final da mesma, o presidente da Altice Portugal teceu por várias vezes duras críticas à concorrente NOS, liderada por Miguel Almeida, sem nunca citar o nome da operadora de telecomunicações.
Apontou que a concorrência tinha "uma atitude desesperada" e lamentou que tenha sido divulgada informação condidencial trocada entre a Altice Portugal, a Autoridade da Concorrência (AdC) e as partes interessadas no processo.
"Não me parece eticamente correto, acho lamentável e um desrespeito profundo", apontou.
Anteriormente, perante os deputados, sobre a informação veiculada nos media sobre os compromissos apresentados à AdC no âmbito do processo de compra da dona da TVI, Alexandre Fonseca afirmou que esta "faz uma análise parcial e curta" e a sua divulgação resultou de um "ato de desespero de quem não quer que este negócio" se realize.
Alexandre Fonseca aludiu ao concorrente que "replica" informação no jornal Público, o qual tem uma vasta área de negócios, "desde farmácias, pastelarias", prosseguiu, sem nunca mencionar a operadora [NOS, que pertence ao grupo Sonae, dono do jornal Público].
"Estamos convencidos que este negócio reúne todas as condições para não merecer qualquer oposição por parte da Autoridade da Concorrência", reiterou, por várias vezes, Alexandre Fonseca na audição.
"Estão salvaguardados os interesses dos consumidores, de todos os portugueses, de todos os distribuidores", garantiu Alexandre Fonseca, apontando que "existem leis em Portugal" que garantem a independência e a pluralidade no mercado.
"Somos um grupo industrial, não estamos aqui para fazer política", garantiu, apontando que o "o negócio é totalmente apolítico e apartidário".
Sobre o negócio em si, o presidente executivo afirmou-se "convicto" que a compra da Media Capital pela Altice irá concretizar-se, apontando que há um "limite de razoabilidade", lembrando que a proposta de aquisição foi realizada há quase um ano.
A Altice, que comprou em junho de 2015 a PT Portugal por cerca de sete mil milhões de euros, anunciou em julho de 2017 que tinha chegado a acordo com a espanhola Prisa para a compra da Media Capital, dona da TVI, entre outros meios, por 440 milhões de euros.
"Não podemos eternizar" o processo, disse aos jornalistas no final da audição, salientando, no entanto, estar "convicto que vai ser concretizado com sucesso".
Por sua vez, também no final da audição, o deputado do Bloco de Esquerda (BE), Heitor de Sousa, disse que o presidente executivo da Altice Portugal "não foi capaz de justificar as razões para este negócio".
Nesse sentido, o BE "mantém todas as reservas" que existiam antes da audição.
No âmbito deste processo, as administrações das televisões e respetivas direções de informação ainda vão ser ouvidas no parlamento.
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