A unidade quádrupla 3500, automotora elétrica composta por quatro veículos de dois pisos, fez na terça-feira a sua última marcha de ensaio, com uma viagem do Entroncamento, no distrito de Santarém, onde foi intervencionada, até Campolide, em Lisboa, na véspera de entrar ao serviço.
Segundo explicou à Lusa o diretor da oficina de Campolide da Comboios de Portugal (CP), Pedro Rita, a composição “estava parqueada desde 2013, ou seja, há sete oito anos”, tendo sido feito o desafio por parte da administração da empresa para que fosse reposto o material dos suburbanos de Lisboa parado.
“Esta unidade fazia parte desse material a repor. Fez-se um ‘overall’ a toda a unidade, repintando o comboio que ainda tinha as cores de origem verde, branco e a faixa vermelha [que, entretanto, foram mudadas para vermelho passando a ser a imagem da CP], os bancos foram encapados, houve um pavimento novo”, começou por explicar Pedro Rita.
De acordo com o engenheiro, a unidade foi sujeita a melhorias técnicas — desde intervenções aos ‘bogies’, equipamentos eletrónicos, climatização e sistema de freio — de forma a que esteja ao serviço por mais “15 a 20 anos”.
“O ‘overall’ e a reposição ao serviço rondou o milhão de euros”, avançou Pedro Rita, reconhecendo que enquanto esteve parqueada a unidade foi alvo de ‘canibalização’, ou seja, a manutenção “foi-lhe retirando equipamentos que eram necessários para alimentar a rotação como sobresselentes”.
“Houve necessidade de reforçar o que existia com os sobresselentes para a exploração” que estavam a circular, justificou, lembrando que ao serviço têm estado desde 1999 12 unidades que circulam na cintura urbana de Lisboa, que são automotoras elétricas compostas por quatro veículos de dois andares com capacidade para transportar 800 passageiros.
Desta frota de 12 unidades, duas estavam parqueadas em Campolide, sem utilização no serviço da CP, tendo a primeira unidade entrado em oficina para manutenção em fevereiro do ano passado, começando a ser intervencionada no final do ano, estando previsto para maio a entrega da segunda unidade que estava parada e que ainda se encontra a ser intervencionada.
Na linha de Sintra/Azambuja viajaram, em 2019, segundo dados da CP, cerca de 69 milhões de passageiros, uma média de 200 mil passageiros em dia útil, sendo que, para assegurar a resposta a esta procura, são realizados cerca de 120.000 comboios por ano.
Em 2020, devido à pandemia de covid-19 e do confinamento generalizado, o número de passageiros transportados sofreu uma quebra de 34% nesta linha, tendo sido transportados 45,8 milhões de passageiros.
Apesar de tudo, esta quebra, de acordo com a CP, foi inferior à registada no total de serviços da CP, que rondou os 40%.
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