Sheinbaum, uma física de 61 anos, foi a mais votada num processo eleitoral do partido Morena, cujo resultado foi anunciado esta quarta-feira.
Durante este processo, o ex-chanceler Marcelo Ebrard colocou em dúvida a sua legalidade, alegando irregularidades.
"A análise integral desses dados permite-nos concluir de forma incontestável que a companheira Claudia Sheinbaum Pardo obteve a melhor posição" entre os candidatos, declarou Alfonso Durazo, presidente do Conselho Nacional do Morena, o partido do presidente Andrés Manuel López Obrador.
Favorita desde o início da campanha, Sheinbaum enfrentará nas urnas a 2 de junho do ano que vem Gálvez, senadora e empresária de origem indígena de 60 anos, que no último domingo foi oficializada como a candidata de uma coligaçãode partidos de oposição.
Sem um terceiro candidato no horizonte, tudo indica que, pela primeira vez, duas mulheres irão disputar a Presidência do México, um país assolado pela violência do tráfico de drogas, uma onda de feminicídios e uma longa tradição machista.
Em média, dez mulheres são assassinadas diariamente no México, principal parceiro comercial dos Estados Unidos e segunda maior economia da América Latina, atrás do Brasil, de acordo com dados oficiais.
"Filha de 68" X "liberal progressista"
O duelo entre Sheinbaum e Gálvez promete ser um choque de origens, personalidades e estilos.
Neta de judeus vindos da Bulgária e da Lituânia, Sheinbaum tem um perfil reservado e prudente, sem carisma, segundo os seus adversários.
"Sou filha de 68", diz a antiga autarca, que reivindica a herança das lutas sociais e não ter pertencido nunca ao PRI (Partido Revolucionário Institucional), o partido que governo o México durante 70 anos no século XX.
Proveniente da burguesia intelectual da capital mexicana, Sheinbaum promete dar continuidade às políticas do atual presidente López Obrador, limitado a um único mandato de seis anos, segundo a Constituição.
Em nome do Morena, Sheinbaum afirma que defenderá os mais pobres, inclusive as comunidades indígenas, e comemora os bons resultados macroeconómicos do atual governo (moeda forte, finanças saudáveis).
Vestindo com frequência peças tradicionais indígenas, a opositora Gálvez é originária de uma comunidade no estado de Hidalgo (centro).
Xóchitl (flor no idioma náhuatl) nasceu numa família humilde, filha de pai indígena otomí e mãe mestiça.
Engenheira e empreendedora de sucesso, Gálvez não hesita em usar palavrões nos seus discursos.
"A minha regra de ouro: não quero ladrões, nem frouxos, nem parvos", repetiu, na segunda-feira, em entrevista à AFP, no dia seguinte à sua nomeação. Afirma ainda que vai combater a violência com os "ovários".
Um só lugar e duas candidatas
Gálvez desafiou Sheinbaum a fazer campanha sozinha, sem a ajuda do presidente, a quem se atribui o favoritismo da antiga autarca.
"Ela (Sheinbaum) consegue, sozinha, que diga ele: (...) 'O senhor que se dedique a governar e me deixe ser a candidata'", disse à AFP.
"Porque se não for assim, eu terei de enfrentar o presidente da República e ela, e esta é uma disputa desigual", acrescentou.
Gálvez declara-se liberal e progressista, sintetizando as ideias dos três partidos que a apoiam: o liberalismo económico do PAN, de direita, o ideal de justiça social do PRD, de esquerda, e a herança institucional do PRI.
"Comigo, não haverá retrocesso nos direitos conquistados, tanto da comunidade LGBTQIA+, como das mulheres", prometeu.
Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal do México descriminalizou completamente o aborto, enquanto o casamento entre pessoas do mesmo sexo já é legal nos 32 estados.
Aproveitando a popularidade de López Obrador, Sheinbaum é a favorita para ganhar a Presidência na disputa contra Gálvez, de acordo com duas sondagens recentes.
Combativa, Xóchitl acredita que pode recuperar terreno, após ter despertado e unificado a oposição em apenas dois meses de campanha.
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