Há cinco anos, mais de 200.000 pessoas tiveram de ser evacuadas devido às fugas radioativas na central nuclear de Fukushima. Milhares continuam sem poder regressar. O futuro continua incerto em Fukushima. Os níveis de radiação mantêm-se elevados em alguns municípios e o processo de desmantelamento da central ainda será longo. Há ainda o problema da água contaminada e do combustível nuclear. O que poderá ser feito?
Fukushima, cinco anos depois
Sacos pretos empilhados, cheios de detritos radioativos, homens com máscaras e áreas cercadas. Este é o retrado atual de Fukushima. Um cenário que não deixa esquecer a catástrofe ocorrida meia década atrás.
A 11 de março de 2011, a onda gigantesta criada pelo violento sismo de 9.0 de magnitude levou ao "meltdown" - fusão do combustível do núcleo - de três dos seis reatores da central de Fukushima Daiichi. Parte dos edifícios da central foram destruídos devido às explosões de hidrogénio. A área da central de Fukushima acabou por ser a mais afetada pelo tsunami.
Falta cumprir 90% do processo para desmantelar a central
Cinco anos depois, o diretor da central, Akira Ono, citado pela agência EFE, explica que já foram realizados "progressos visíveis" na gestão das instalações nucleares que sofreram avarias irreparáveis.
De acordo com o diretor, foi possível "estabilizar a segurança da central", destacando a remoção do combustível nuclear do reator 4 em finais de 2014 e o processamento da água altamente radioativa que era acumulada na central.
Embora Ono esteja satisfeito com o que foi conseguido até à data, o caminho a percorrer ainda será longo. Segundo o diretor, ainda só se fez 10% do trajeto.
Desafios
A radioatividade e a água contaminada continuam sem solução. Há mais de um milhar de reservatórios com importantes quantidades de água com a qual ninguém ainda sabe o que fazer. Enquanto isso, o interior dos edifícios dos reatores continua inacessível ao homem, devido à elevada radioatividade.
Recentemente, foi construído um muro de gelo destinado a ser parte da solução para água, enquanto se estudam outras hipóteses, uma vez que a quantidade aumenta dia após dia. Uma opção será lançar as águas contaminadas no mar.
Para além disto, parte da tecnologia necessária para desmantelar a central ainda estar a ser desenvolvida. O custo total do processo de desmantelamento é estimado em entre 7,7 mil milhões e 15,4 mil milhões de euros.
A estes valores, acrescem as compensações à população que foi evacuada por causa da catástrofe, assim como os custos que o Estado teve para substituir a energia nuclear por combustíveis fósseis.
Parte dos desalojados terão de aguardar pelo menos outros cinco anos para regressarem aos seus antigos lares. Segundo o diretor, serão precisas pelo menos quatro décadas para desmantelar esta central.
O antes e depois: como estava Fukushima em 2012, um ano após o tsunami
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