Naquela que é a primeira reunião presencial dos chefes de diplomacia da UE dos últimos cinco meses, devido à pandemia da covid-19, e na qual Portugal está representado pelo ministro Augusto Santos Silva, os trabalhos iniciam-se num almoço de trabalho dos 27 com o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gabi Ashkenazi, durante o qual será debatido o processo de paz no Médio Oriente.
Para a tarde estão reservadas duas das discussões mais aguardadas, uma primeira sobre a situação na Bielorrússia, na sequência das eleições presidenciais cujos resultados (a recondução de Alexander Lukashenko) a UE rejeita, e uma segunda sobre a Turquia, à luz do conflito que opõe Grécia a Ancara.
A nova discussão sobre a Bielorrússia segue-se a um Conselho extraordinário dos chefes de diplomacia da UE celebrado por videoconferência em 14 de agosto, no qual os 27 acordaram aplicar sanções aos responsáveis pela fraude eleitoral e pela repressão violenta das manifestações que se seguiram às eleições de 09 de agosto, e a uma cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo, também por videoconferência, em 19 de agosto, na qual os líderes da União reiteraram o seu apoio ao povo bielorrusso e à imposição de sanções, que estão prestes a ser anunciadas.
A seguir, os 27 debaterão a tensão no Mediterrâneo Oriental, que, de acordo com o chefe da diplomacia da Alemanha, Heiko Maas, mediador no conflito que opõe Ancara a Atenas, permanece num ponto “muito crítico”.
A Alemanha, que assegura neste segundo semestre do ano a presidência rotativa da União Europeia, envolveu-se em esforços de mediação para tentar apaziguar as tensões entre a Grécia e a Turquia depois de Ancara ter decidido unilateralmente fazer prospeções de hidrocarbonetos no Mediterrâneo Oriental, desencadeando uma crise regional.
Para sexta-feira está agendada uma reunião sobre as relações UE-Rússia, que vivem novo momento agitado, na sequência das suspeitas de envenenamento do político opositor russo Alexei Navalny, atualmente hospitalizado, em estado de coma, em Berlim.
O chefe da diplomacia alemã já pediu à Rússia para esclarecer a situação, depois de casos como o ataque cibernético aos computadores do Parlamento alemão, em maio de 2015, e o assassínio do ex-combatante checheno Zelimkhan Khangoshvili, em 23 de agosto de 2019, no parque Tiergarten, em Berlim, em que a Alemanha atribuiu as culpas à Rússia.
“É um caso sério e, tendo em conta a importância que Navalny tem para a oposição russa, tudo deve ser feito para encontrar a verdade. À luz de outros incidentes que vivemos, como o assassínio de Tiergarten ou a invasão dos computadores do Bundestag [Parlamento alemão], o Governo russo faria bem em mostrar que aprendeu a lição”, disse Maas, na terça-feira, já depois de a chanceler alemã, Angela Merkel, ter exortado Moscovo a encontrar e julgar os responsáveis, um pedido para já ignorado pelo Kremlin.
A reunião ministerial informal de Berlim encerra na tarde de sexta-feira com um debate sobre as “implicações geopolíticas” da pandemia da covid-19 e a resposta estratégica da UE.
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