
De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), cerca de 400 deputados permanecem na residência governamental, impedidos de deixar o edifício, em Naypyidaw, capital de Myanmar.
Um dos deputados disse à AP que o edifício continua cercado por militares e que há polícias dentro das instalações.
Segundo o parlamentar, que teme pela sua segurança e pediu o anonimato, os políticos, a maioria da Liga Nacional para a Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi, passaram a noite sem conseguir dormir, com medo de serem presos. “Tivemos de ficar acordados e alerta”, contou à AP.
“Temos alimentos, mas não podemos sair das instalações, por causa dos soldados”, disse também uma deputada à agência de notícias France-Presse (AFP).
As detenções e o golpe de Estado militar ocorreram no mesmo dia em que o parlamento eleito nas anteriores eleições se preparava para iniciar a sua primeira sessão.
O partido de Aung San Suu Kyi apelou hoje à sua libertação imediata, bem como dos restantes políticos detidos, denunciando “uma mancha na história do Estado e do Tatmadaw”, o Exército birmanês.
O Exército de Myanmar declarou na segunda-feira o estado de emergência e assumiu o controlo do país durante um ano, após a detenção da chefe de facto do Governo, Aung San Suu Kyi, do Presidente do país, Win Myint, e de outros líderes governamentais.
Myanmar emergiu há apenas 10 anos de um regime militar que estava no poder há quase meio século.
Para justificar o golpe de Estado, imediatamente condenado pela comunidade internacional, os militares asseguraram que as eleições legislativas de novembro passado foram marcadas por “enormes irregularidades”, o que a comissão eleitoral nega.
Os militares evocaram ainda os poderes que lhes são atribuídos pela Constituição, redigida pelo Exército, permitindo-lhes assumir o controlo do país em caso de emergência nacional.
O partido de Aung San Suu Kyi, que está no poder desde as eleições de 2015, venceu por larga maioria as eleições de novembro.
A vitória eleitoral de Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz 1991, demonstrou a sua grande popularidade em Myanmar, apesar da má reputação internacional pelas políticas contra a minoria rohingya, a quem é negada a cidadania e o voto, entre outros direitos.
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