Em entrevista à agência Lusa no âmbito do 29.º Congresso nacional do CDS-PP, que decorre sábado e domingo em Guimarães (distrito de Braga), o militante disse estar “aberto sempre para aquilo que for o melhor para o partido”.
“Tenho uma ressalva nesta minha abertura, não me revejo naquilo que o doutor Nuno Melo propõe para o partido, não me revejo na equipa que o doutor Nuno Melo escolheu para esse caminho e portanto não estou disponível para esse entendimento com o doutor Nuno Melo”, ressalvou.
E indicou estar “mais próximo” dos outros dois candidatos, Nuno Correia da Silva e Miguel Mattos Chaves.
“Se essa for a solução que melhor serve os interesses do CDS e, por último, os interesses dos portugueses, obviamente que não será por mim que essa solução não será alcançada”, declarou o candidato a presidente.
Bruno Filipe Costa admitiu que essa aproximação será “muito mais fácil, por uma questão ideológica, com o Nuno Correia da Silva”.
Na opinião do candidato, “neste congresso o entendimento terá que ser global” para alcançar “uma posição que efetivamente possa ser uma posição vencedora”, mas recusou tratar-se de uma aliança contra a candidatura de Nuno Melo.
“Nada me move contra ninguém e acho que este deve ser o congresso em que a expressão ‘contra’ ou a expressão ‘facções’ deve mesmo cair. Acho que deve haver um entendimento para dar corpo a uma solução que seja outro caminho, outra via que não a via que o Nuno Melo defende”, salientou.
O antigo dirigente considerou que o CDS-PP “precisa de esperança, precisa de união, precisa de um caminho que o volte a fazer estar perto dos portugueses e os portugueses não vão entender um caminho de retaliação ou de um lado contra o outro”.
Apontando que a “ideia de vitória do Nuno Melo está muito presente”, Bruno Costa disse, na entrevista à Lusa, “acreditar que não será assim” e que “o congresso terá um desfecho distinto daquilo que a maioria das pessoas pensa”, referindo ter recebido “indicadores muito fortes” e “sinais dentro do partido” na volta que tem feito junto das estruturas locais.
O candidato à liderança defendeu que nesta fase em que o CDS-PP está afastado do parlamento na sequência das últimas eleições legislativas, “o partido precisa de todos” e “não só é importante falar para dentro, como é importante falar para fora”.
Bruno Costa defende um posicionamento conservador mas sem “cristalizar no tempo” e salienta que o partido “está vivo” e é no plano autárquico, em que lidera seis câmaras sozinho e várias dezenas em coligação, incluindo a de Lisboa, “que está a força do CDS”.
Quantos aos próximos desafios eleitorais, o militante considera que as eleições europeias de 2024 “serão uma prova de vitalidade”, em que o objetivo é “continuar a ter representação”. Já as eleições legislativas, que deverão ser em 2026, o candidato encara-as como um desafio mas aponta que “o único caminho possível é o crescimento”.
“Obviamente queremos regressar ao parlamento de onde nunca devíamos ter saído, mas também se o fizemos temos a nossa quota de responsabilidade”, afirmou, apontando também como possibilidade o partido voltar ao Governo em 2030.
Bruno Filipe Costa, consultor de 46 anos, é militante do CDS-PP desde 1995, integrou a concelhia de Lisboa e acompanhou o líder cessante, Francisco Rodrigues dos Santos, na campanha das legislativas.
O 29.ª Congresso do CDS-PP vai decorrer nos dias 02 e 03 de abril, em Guimarães (distrito de Braga).
Na reunião magna vai ser eleito o sucessor de Francisco Rodrigues dos Santos, que se demitiu da presidência na sequência do resultado nas eleições legislativas de 30 de janeiro (1,6%), o pior da história do partido e que ditou a perda de representação no parlamento.
Além de Bruno Filipe Costa, apresentaram-se também como candidatos à presidência do CDS-PP (para um mandato de dois anos) o eurodeputado Nuno Melo e os vogais da Comissão Política Nacional Nuno Correia da Silva e Miguel Mattos Chaves. Também apresentaram moções de estratégia global os militantes José Seabra Duque e Octávio Rebelo da Costa. A Tendência Esperança em Movimento, a Federação dos Trabalhadores Democratas-Cristãos e a Juventude Popular também apresentaram moções de estratégia, tal como um conjunto de distritais afetas à atual liderança.
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