“Acho estranho que em Portugal ainda alguém defenda negócios em que os prejuízos são para o país e depois, quando a empresa já está equilibrada, se dá a um privado para fazer lucro”, afirmou Catarina Martins aos jornalistas, no final de uma visita ao concelho de Tondela.
Segundo o semanário Expresso, Rui Rio considera um erro o Estado “injetar dinheiro público sem entrar já na gestão na companhia aérea” e “entende que a prioridade deve ser arrumar a casa e vender a empresa assim que for possível”.
Catarina Martins disse que “ainda bem que o PSD reconhece que, como vai ser precisa intervenção pública na TAP”, a companhia aérea portuguesa “deve ter gestão pública, porque o Estado não pode entregar dinheiro para os acionistas privados fazerem o que quiserem”.
“Tem de ter uma estratégia para a TAP e tem de ter presença na administração”, frisou.
O que Catarina Martins não compreende “é que o PSD queira fazer com a TAP exatamente o mesmo que fez com os bancos ao longo da crise financeira e com o Novo Banco”, primeiro nacionalizando e depois entregando “a um privado quando a empresa já está equilibrada”.
“A TAP é uma companhia de bandeira. O país precisa dela por vários motivos”, frisou, apontado a coesão territorial, a ligação às comunidades espalhadas pelo mundo e estratégia económica.
No entanto, “como precisa dela e como a vai pagar, deve então ser o Estado também a ter a gestão”, sendo que “o plano estratégico e a gestão devem ser alvo de um amplo escrutínio democrático como se exige numa República”, realçou.
Questionada sobre a reunião que o novo ministro das Finanças quer ter esta semana com PCP, BE, PEV e PAN, com vista a um entendimento à esquerda, Catarina Martins lembrou que o seu partido, muito antes da pandemia, “tinha proposto que fosse feito um acordo com horizonte de legislatura”.
As prioridades eram, por um lado, os serviços públicos, concretamente o Serviço Nacional de Saúde, e, por outro, “combater a precariedade e garantir emprego”.
“O BE não muda de ideias, é preciso responder às urgências do país. Agora, falar-se de acordo no ar, a nós, diz-nos pouco”, frisou.
Segundo Catarina Martins, o BE gosta de trabalhar “sobre o que é o concreto das necessidades da população”, que precisa “de um Serviço Nacional de Saúde forte”, de “uma Segurança Social que responda a quem ficou sem nada”, de “um Código do Trabalho que combata a precariedade”, de “uma proposta de habitação que proteja o direito à habitação de toda a gente” e de “um investimento que garanta a coesão territorial”
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