“Por mim não abandonaria o celibato em relação ao sacerdócio como não abrandaria a sua apologia”, disse Manuel Clemente em conferência de imprensa para a apresentação das conclusões da 193.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) à qual preside.
A questão do celibato surge na sequência do caso do pároco do Monte, na Diocese do Funchal, que assumiu a paternidade de uma criança.
Sobre este caso a Diocese do Funchal afirmou a 06 de novembro estar a acompanhar a situação indicando que a igreja “não pode admitir uma vida dupla”.
Numa nota a Diocese do Funchal sublinhou que “foi com tristeza que recebeu as recentes notícias sobre a vida de um sacerdote” e considera estar em causa “um contratestemunho daquela que deve ser a vida de qualquer sacerdote”.
Hoje o cardeal-patriarca de Lisboa acrescentou que o seu entendimento é igual ao da Diocese do Funchal.
“É o que já respondeu o bispo do Funchal e eu corroboro”, disse adiantando que é necessário verificar o sacerdócio em causa, e de saber se há disponibilidade e condição para continuar o celibato.
“Os casais católicos também se comprometem à fidelidade e por vezes nascem crianças fora do matrimónio. Concerteza que têm de assumir a responsabilidade mas isso só por si não quer dizer que termine o matrimónio”, disse adiantando que “a continuação da vida sacerdotal tal como a conjugal pode acontecer se houver vontade de arrepiar caminho”.
O cardeal-patriarca especificou que não significa abdicar da paternidade, mas implica a não conjugalidade.
Questionado sobre se o caso foi abordado na Assembleia Plenária da CEP, Manuel Clemente disse que não por tratar-se de matéria de uma diocese e da responsabilidade do respetivo bispo.
Na Assembleia Plenária, explicou, foi abordada uma temática mais geral sobre a formação sacerdotal com insistência na vertente das qualidades humanas dos futuros sacerdotes.
Segundo o presidente da CEP, na igreja católica latina os padres são escolhidos entre as pessoas que manifestam vocação e carisma de celibatário e esta realidade que existe na igreja “tem sido assumido como ideal e tanto quanto possível como prática”, havendo assim este costume de escolher quem, já manifesta esse carisma celibatário.
A questão da preparação para o matrimónio, à luz da exortação apostólica, foi também assunto abordado na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal, estando prevista uma auscultação junto das instâncias eclesiais de pastoral familiar, tendo em vista a elaboração de um documento com fundamentação teológica e propostas de preparação para o casamento.
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