“A campanha ‘Por Outra Lei da Nacionalidade’ procura uma alteração na Lei da Nacionalidade, para que o princípio de ‘jus sanguinis’ seja alterado para o princípio de ‘jus soli’, o que daria acesso imediato à nacionalidade portuguesa aos filhos de imigrantes” que nasçam em Portugal, disse à Lusa Otávio Raposo, um dos vários organizadores da campanha e integrante do coletivo Consciência Negra.
De acordo com Otávio Raposo, a campanha ‘Por Outra Lei da Nacionalidade’, que reúne 17 associações e coletividades até ao momento, será apresentada na sexta-feira, na Casa do Brasil de Lisboa.
“Somos várias associações e coletividades que lutam por uma nova Lei da Nacionalidade, mais justa e que represente a diversidade atual da sociedade portuguesa, que não tem só uma cor ou origem”, declarou Otávio Raposo.
Segundo a mesma fonte, “a Lei de 1981, ao associar o acesso à nacionalidade portuguesa ao princípio do ‘jus sanguinis’, exclui do acesso imediato à nacionalidade portuguesa os nascidos em Portugal que são filhos de imigrantes”.
“A posterior alteração à Lei, em 2006, apesar de alguns avanços, continua a não consagrar o princípio de ‘jus soli’ e, por não prever efeitos retroativos, deixou ainda uma extensa geração mais velha fora desse direito”, afirmou.
‘Jus sanguinis’ é o termo em latim que significa "direito de sangue" e indica o princípio pelo qual uma nacionalidade pode ser reconhecida a um indivíduo de acordo com sua ascendência.
O princípio de ‘jus sanguinis’ contrapõe-se ao ‘jus soli’, que determina o "direito de solo", ou seja, a nacionalidade é atribuída pelo local de nascimento.
O processo de obtenção da nacionalidade portuguesa tem requisitos que colocam à margem, entre outros, os mais pobres, os info-excluídos, de acordo com os movimentos que estão a organizar a campanha.
De acordo com Otávio Raposo, a campanha pretende que a nacionalidade portuguesa seja atribuída a todas as pessoas nascidas em Portugal, independentemente da origem dos pais e do seu estatuto legal no país.
“Esta é uma questão que não só diz respeito aos imigrantes e os seus filhos, mas também à toda sociedade portuguesa”, sublinhou.
Otávio Raposo disse ainda que, posteriormente, será entregue uma petição no parlamento português com o objetivo de pressionar para a alteração da Lei da Nacionalidade.
Entre as associações que estão vinculadas à campanha estão a Casa do Brasil de Lisboa, a SOS Racismo, o coletivo Consciência Negra, a Associação Lusofonia Cultura e Cidadania, a Solidariedade Imigrante, a Afrolis, a Associação Cavaleiros de S. Brás, entre outras.
A campanha também tem uma página na rede social Facebook.
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