“Eu penso que três meses é bastante problemático. E acho que haverá alguma resistência nas capitais [europeias]”, afirmou hoje, numa palestra sobre o processo de saída do Reino Unido da UE no Institute for Government, em Londres.
Rogers questionou a credibilidade de notícias publicadas pela imprensa britânica de que a UE está a ponderar uma prorrogação de um ano ou de até 21 meses do período de negociações de dois anos estipulado pelo artigo 50.º do tratado europeu, e que está previsto acabar a 29 de março.
“Eu não estou certo de que são genuínas ou substantivas”, disse, admitindo que os rumores podem estar a ser alimentados para prolongar o período de adiamento ou que pode ser uma tática para tentar pressionar os deputados a aprovar um acordo de saída.
A questão das eleições para o Parlamento Europeu em maio é um problema “real”, admitiu, porque todos os Estados membros têm de estar representados e a ausência de deputados britânicos, caso o Reino Unido não quisesse realizar eleições, poderia pôr em causa a legalidade daquela assembleia e das decisões tomadas.
Por outro lado, continuou Rogers, aceitar um adiamento do ‘Brexit’ por um período curto, até ao final de junho, pode não ser atrativo para os 27 pois “uma extensão porque o sistema do Reino Unido permanece paralisado pode incentivá-lo a permanecer paralisado porque abre [a perspetiva de] um processo de extensões contínuas”.
O diplomata britânico, que se demitiu logo no início de 2017 por discordar com a estratégia do governo para as negociações do ‘Brexit’, acredita que “a impaciência aumentou” entre os líderes europeus com o impasse no parlamento britânico.
Porém, também não acredita que exista “apetite na maioria das capitais [europeias] ou em Bruxelas para empurrar os britânicos de um precipício abaixo” e está confiante de que a UE estará disposta a adiar a data da saída.
“Claro que eles estão a dizer neste momento que só aceitarão uma extensão se for para uma coisa e que essa coisa tem que ser a implementação do acordo. Mas eu duvido que seja exatamente o que os líderes farão em março”, vincou Rogers.
O Presidente francês e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, admitiram um adiamento da saída do Reino Unido apenas se este for justificado por uma “nova perspetiva”.
“O acordo de saída não pode ser renegociado. Se os britânicos querem mais tempo, podemos examinar um pedido de adiamento, mas somente se for justificado por novas propostas. Mas não o faremos se não houver uma perspetiva clara sobre qual é o objetivo”, disse Emmanuel Macron.
O primeiro-ministro português, António Costa, também se mostrou favorável a um adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia, definindo como “desejável e saudável” tudo aquilo que possa evitar um ‘Brexit’ caótico.
A chefe de governo britânica, Theresa May, considera que um adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) “não resolve o problema” e mantém-se empenhada em negociar “alterações juridicamente vinculativas” ao texto para conseguir que seja aprovado no parlamento até 12 de janeiro.
Caso seja novamente chumbado, como aconteceu em janeiro, May adiantou que realizaria um voto perguntando aos deputados se preferem uma saída sem acordo, ou, caso contrário, se querem pedir à UE o prolongamento das negociações por um período “curto e limitado” para além de 29 de março.
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