As duas vacinas contra a covid-19 mais aplicadas no país são produzidas em solo brasileiro com matéria-prima proveniente da China, consumíveis esses que já começam a faltar no país.
O Instituto Butantan, que já entregou 60% dos antídotos para a campanha de vacinação no país, suspendeu a partir de hoje a produção da Coronavac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, por falta de ingredientes produzidos no país asiático.
O Butantan espera que o Governo chinês autorize a exportação de um lote com 10 mil litros do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), consumível sem o qual o imunizante não pode ser produzido no Brasil, e com o qual seriam fabricados cerca de 18 milhões de doses.
Segundo o instituto, eram esperados pelo menos 3.000 litros de IFA para sábado, mas a data não foi confirmada pelas autoridades chinesas e ainda não há uma definição por parte de Pequim.
Hoje, foram entregues 1,1 milhões de doses, o último lote de vacinas produzidas pelo Butantan, que aguada a chegada do material para poder reiniciar a produção do antídoto.
“Não temos mais insumos [consumíveis], não temos mais IFA para produção de vacinas”, disse o governador de São Paulo, João Doria, que pediu ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil que resolva “questões diplomáticas com a China”, país que foi alvo de críticas por parte do Presidente, Jair Bolsonaro.
No entanto, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, descartou hoje que exista algum tipo de “problema diplomático” com a China que possa dificultar o fornecimento de matéria-prima para a produção local da vacina.
Além do Butantan, também a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) depende de matéria-prima da china para a produção local da vacina da AstraZeneca/Oxford. A fundação brasileira espera receber mais duas remessas de IFA ainda este mês.
Com mais de 430.000 mortes e quase 15,5 milhões de infeções, o Brasil é um dos países mais afetados pela pandemia.
Até ao momento, 23,5% dos brasileiros receberam pelo menos a primeira dose de uma vacina e apenas 11,6% receberam a dosagem completa.
O ritmo de vacinação contra a covid-19 no Brasil foi reduzido em 57% em apenas duas semanas, o que levou o país sul-americano a passar do quarto para o sexto lugar entre as nações que mais vacinam diariamente no mundo.
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