“Hoje nós assinamos com o Butantan (…) Nós assinamos um contrato para entrega das primeiras 46 milhões de doses [da CoronaVac] até abril e de mais 54 milhões no decorrer do ano, indo a 100 milhões de doses” afirmou Pazuello numa conferência de imprensa no Palácio do Planalto.
O ministro da Saúde brasileiro disse que todas as 100 milhões de doses da CoronaVac, incluindo o material que já foi importado e a produção local do imunizante, serão incorporadas ao Plano Nacional de Imunização do Governo central.
Desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, a vacina foi testada em cerca de 13 mil voluntários brasileiros numa parceria com o Instituto Butantan, que envolveu também a compra de 46 milhões de doses e a patente para a fabricação do remédio no país.
Nesta quinta-feira, o governo de São Paulo, a quem o Instituto Butantan está subordinado, informou que a CoronaVac teve entre 78% de eficácia nos testes realizados no país.
Segundo os dados divulgados, a vacina também registou 100% de proteção contra mortes, casos graves e internamentos dos voluntários do estudo que foram contaminados.
Em uma entrevista ao canal GloboNews, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que o contrato com o Ministério da Saúde foi encaminhado, mas não foi assinado ainda.
Doria também declarou que o Instituto Butantan irá pedir o registo emergencial da CoronaVac junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão que faz o controlo de medicamentos no país, na sexta-feira pela manhã.
Em nota, o Instituto Butantan informou à Lusa que “o anúncio feito hoje em Brasília significa que o Ministério da Saúde, como historicamente fez, irá adquirir a vacina contra o coronavírus do Butantan e irá distribuir aos estados, incluindo o de São Paulo”.
“A minuta de contrato com o órgão federal foi recebida pelo instituto e imediatamente submetida à análise do departamento jurídico visando à sua rápida formalização”, acrescentou.
A compra da CoronaVac deve esfriar uma disputa entre o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o governador de São Paulo.
Aliados nas últimas eleições, os dois políticos adotaram discursos opostos na pandemia, antecipando uma luta pela preferência dos eleitores nas próximas presidenciais, marcadas para ocorrer em 2022.
Em outubro passado, Pazuello confirmou que o Ministério da Saúde compraria 46 milhões de doses da CoronaVac e faria a inclusão do medicamento no programa nacional de imunização.
Após a intenção se compra ser divulgada nos ‘media’ locais, Bolsonaro usou as redes sociais para dizer que o Governo não compraria a vacina “chinesa do Doria” e que todas as conversações e acertos sobre este assunto estavam cancelados.
Doria, por sua vez, criticou Bolsonaro e pediu ao Presidente que tivesse grandeza e liderasse país na proteção da vida, da saúde, da existência, a na retomada de empregos.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (198.974, em mais de 7,8 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.
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