O decreto assinado pelo chefe de Estado brasileiro institui luto oficial em todo o país por um dia a contar a data de sua publicação.
Olavo de Carvalho, escritor que se autodeterminava filósofo e é considerado o maior ideólogo da extrema-direita brasileira, recebeu hoje uma série de homenagens do Governo, incluindo uma publicação nas redes sociais do próprio Presidente que o qualificou como “um dos maiores pensadores da história” do Brasil.
A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República e a Secretaria de Cultura do Brasil divulgaram uma nota conjunta lamentado o óbito do escritor, que apoiava publicamente o Governo Bolsonaro.
Após o luto oficial ser divulgado, críticos do Governo Bolsonaro usaram as redes sociais para lembrar que o Presidente não emitiu nenhuma nota de pesar pela morte de personalidades como João Gilberto, Elza Soares, Rubem Fonseca e Beth Carvalho, não lamentou os mais de 600 mil brasileiros mortos na pandemia, mas decretou luto nacional pelo ideólogo do movimento de extema-direita que apoiava o seu Governo.
Olavo de Carvalho ganhou destaque no Brasil a partir dos anos 1980 como colunista conservador em grandes publicações como os jornais Folha de S.Paulo e O Globo.
Radicado nos Estados Unidos a partir de 2005, o ideólogo da extrema-direta alcançou um grande público através da publicação de vídeos e outros livros que apoiam o conservadorismo político e que recusam o discurso do politicamente correto.
O seu canal no YouTube, criado em 2007, tem mais de um milhão de inscritos e acumula quase 70 milhões de visualizações.
Entre 2013 e 2019, os seus livros “O imbecil coletivo” (2013) e “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota” (2018), editados pela Record, venderam 400 mil exemplares.
Alem dos vídeos, o ideólogo do Governo brasileiro também se projetou através de cursos online com forte retórica conservadora e anticomunista, que atraíram a atenção dos filhos do Presidente Jair Bolsonaro, que ele apoiaria nas presidenciais de 2018.
Autodenominado conservador e disseminador de valores associados ao pensamento da extrema-direita norte-americana no Brasil, Olavo de Carvalho também era adepto de teorias da conspiração e denunciava o chamado “marxismo cultural”.
Esta teoria prega a existência de uma alegada elite composta pela esquerda mundial, os ‘media’, artistas, universidades, cientistas, organizações não-governamentais e grandes empresários, que atua para impor o comunismo no planeta.
Embora tenha sido apontado como ideólogo do pensamento do ‘bolsonarismo’, o escritor vinha a aumentar as críticas à gestão de Bolsonaro, principalmente depois de adeptos das suas ideias terem perdido espaço para políticos de partidos que compõem a base parlamentar do Governo.
Segundo mensagem veiculada no seu canal no Telegram no dia 15 de janeiro, reproduzida pelos ‘media’ locais, Olavo de Carvalho contraiu covid-19 e precisou cancelar as aulas de um curso de filosofia que ministrava através da internet.
Desde o início da pandemia, o ícone da extrema-direita brasileira negava a gravidade da covid-19 e também era crítico da vacinação e de medidas como distanciamento social e a utilização de máscara.
Olavo de Carvalho morreu dias depois da confirmação de sua infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, mas a causa de sua morte não foi anunciada pelos seus familiares.
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