O anteprojeto será apresentado, hoje à tarde, na Assembleia da República, pelo deputado bloquista José Manuel Pureza, pelo dirigente e médico João Semedo e pela penalista Ana Godinho, autora de uma tese de mestrado sobre morte assistida.

O texto bloquista, com 25 artigos, exclui o recurso à morte assistida a menores e doentes com perturbações mentais.

Deve ser “um adulto, consciente, lúcido, sem perturbações mentais, com uma lesão definitiva ou doença incurável, fatal e irreversível, num contexto de sofrimento intolerável e que exprima a sua vontade”, segundo já anunciou João Semedo, na semana passada.

Essa vontade do doente tem de ser reiterada e deve também ter o aval de dois médicos, um deles da área da doença da pessoa, com a possibilidade de recorrer a um terceiro, psicólogo, para avaliar as condições psicológicas do requerente.

Além do BE, o PAN (Pessoas-Animais Natureza) e o Partido Ecologista “Os Verdes” anunciaram iniciativas, ainda sem data anunciada, e a convocação de um referendo é já uma possibilidade admitida pelo CDS-PP.

Após a apresentação deste projeto, o BE pretende fazer debates nas próximas semanas, ponto de partida de um debate aberto sobre o tema, que divide os deputados em São Bento, a começar à esquerda.

Os dois principais partidos, PS e PSD, já deram liberdade de voto aos seus deputados, embora o líder social-democrata, Pedro Passos Coelho, tenha prometido que o partido terá uma posição oficial sobre o assunto.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou, na quinta-feira, prematura qualquer iniciativa legislativa sobre a eutanásia, defendendo um debate amplo, profundo e generalizado, e o PSD pediu aos partidos que não tenham pressa em arrancar com o debate.

No PS, está marcada para 04 de março a Comissão Nacional do partido para discutir moções setoriais ao anterior congresso, uma delas pela despenalização da eutanásia, admitindo-se que, se essa moção for aprovada, um grupo de deputados socialistas apresentar um projeto de lei.

O CDS-PP é contra a morte assistida e admite um referendo nacional sobre o assunto.

No sábado, o semanário Expresso publicou um estudo da Eurosondagem segundo a qual a maioria dos inquiridos (46,1%) é favorável à despenalização da morte assistida, contra 27,4% que são contra. Sobre o referendo, a maioria (44,1%) é a favor e 32,7% é contra.