“Haverá ou não guerra? Sim, haverá, mas apenas em dois casos: se houver agressão direta contra a Bielorrússia” ou “se o nosso aliado, a Federação Russa, for diretamente atacado”, disse Lukashenko numa comunicação ao país pela televisão.
O discurso de Lukashenko surge num momento de elevada tensão entre a Rússia e os países ocidentais sobre a Ucrânia, em cuja fronteira Moscovo reuniu dezenas de milhares de tropas, enquanto se prepara para manobras militares conjuntas com a Bielorrússia.
A Bielorrússia faz fronteira com a Rússia e a Ucrânia, mas também com a Polónia, a Lituânia e a Letónia, que são membros da União Europeia (UE) e da Aliança do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
A Rússia é o principal aliado da Bielorrússia e deu um apoio político crucial a Lukashenko durante os protestos sem precedentes que desafiaram a sua reeleição em 2020, os quais foram reprimidos pela força.
Na comunicação ao país, que durou várias horas, Lukashenko disse que o atual nível de tensão na Europa é crítico e prometeu acolher o exército russo na Bielorrússia em caso de guerra.
“Quero responder ao Ocidente sobre se haverá tropas no território da Bielorrússia. Para eles, esta questão é muito importante. Se o nosso país for atacado, centenas de milhares de tropas russas estarão aqui e defenderão esta terra sagrada juntamente com centenas de milhares de bielorrussos”, disse, citado pelas agências de notícias France-Presse e a espanhola EFE.
Ao mesmo tempo, Lukashenko disse que os bielorrussos não aceitam guerras nem as iniciarão, porque a guerra “é muito má, é assustadora”.
“Mas os líderes de alguns países, tendo-se esquecido disso, estão completamente atordoados. Eles estão a pensar em ganhar esta guerra. Não haverá vitória nesta guerra. Toda a gente perde. Portanto, não queremos guerra”, acrescentou.
A Ucrânia e os países ocidentais acusaram a Rússia de ter enviado pelo menos 100.000 tropas para a fronteira ucraniana, nos últimos meses, com a intenção de invadir de novo o país vizinho, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014.
A Rússia negou essa intenção, mas disse sentir-se ameaçada pela expansão de 20 anos da NATO ao Leste europeu e pelo apoio ocidental à Ucrânia.
Moscovo exigiu o fim da política de expansão da NATO, incluindo para a Ucrânia e a Geórgia, a cessação de toda a cooperação militar ocidental com as antigas repúblicas soviéticas e a retirada das tropas e armamento dos aliados para as posições anteriores a 1997.
Os Estados Unidos e a NATO rejeitaram formalmente, na quarta-feira, as principais exigências de Moscovo, mas propuseram a via da diplomacia para lidar com a crise.
Em particular, abriram a porta a negociações sobre os limites recíprocos da instalação dos mísseis de curto e médio alcance das duas potências nucleares rivais na Europa, e sobre exercícios militares nas proximidades das fronteiras do campo adversário.
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