“A chanceler sublinhou que o Governo bielorrusso deve renunciar à violência contra os manifestantes pacíficos, libertar de imediato todos os presos políticos e iniciar um diálogo nacional com a oposição e a sociedade para superar a crise”, disse à imprensa o porta-voz de Angela Merkel, Steffen Seibert.
O Governo da Alemanha já tinha afirmado estas três exigências na segunda-feira, quando insistiu também numa revisão dos resultados eleitorais por uma organização independente como a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Seibert reiterou hoje que as eleições, nas quais, segundo números oficiais, Alexander Lukashenko obteve 80% dos votos, “não cumpriram os critérios democráticos mínimos” e não foram “nem livres nem justas”, e que os resultados oficiais anunciados pela comissão eleitoral “não refletem a opinião real do país”.
A posição de Vladimir Putin é considerada decisiva em relação ao futuro próximo da Bielorrússia, designadamente quanto à permanência ou não de Lukashenko no poder.
A Bielorrússia tem grande importância geopolítica para a Rússia em relação ao avanço da NATO para leste que se iniciou com o fim da União Soviética.
Na sua primeira década à frente do Kremlin (2000-2009), Putin subsidiou a economia planificada da Bielorrússia com gás e petróleo a baixo preço e empréstimos em condições muito vantajosas.
Mas, com a crise global e a retração económica da Rússia, a situação alterou-se e Putin acabou por ceder à pressão dos membros mais liberais do seu executivo. Em 2019, aprovou o aumento de preços da energia e cortes nos créditos a Minsk.
Desagradado com as alterações, Lukashenko recusou assinar o tratado de união estatal com a Rússia e, durante a campanha eleitoral, acusou várias vezes Moscovo de apoiar a oposição.
Analistas russos apontam que, mais que o futuro de Lukashenko, é a relação da Rússia que pode vir a estar em causa, uma vez que a oposição bielorrussa, embora mantenha laços com Moscovo, não quer manter o país como protetorado russo.
Caso Lukashenko seja afastado do poder, a última economia planificada da Europa vai ter de fazer mudanças profundas na sua política externa para assegurar novas fontes de energia e proceder a privatizações.
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