Agitando as bandeiras brancas e vermelhas da oposição, os manifestantes reuniram-se frente a uma fábrica de veículos pesados (a MZKT), onde Lukashenko chegou, entretanto, de helicóptero, relataram jornalistas da agência de notícias francesa AFP.

“Não vamos esquecer, não vamos perdoar”, gritaram os manifestantes reunidos na fábrica, enquanto centenas de trabalhadores de outras fábricas caminhavam para a MZKT para se juntarem aos protestos, de acordo com um vídeo divulgado pelo site de notícias tut.by.

Alexander Lukashenko já se reuniu com os trabalhadores da fábrica MZKT para tentar minimizar o alcance do movimento de protesto e garantir que as fábricas funcionam, apesar dos apelos para uma greve geral.

“Se alguém não quer trabalhar e quer sair (…), as portas estão abertas”, disse, citado pela sua assessoria de imprensa.

Alguns funcionários de uma outra empresa garantiram à AFP que milhares de trabalhadores pararam o serviço da fábrica de tratores de Minsk (MTZ).

Também a sede da televisão pública do país foi palco de uma grande manifestação, para onde se dirigiu uma das figuras da oposição bielorrussa, Maria Kolesnikova.

Desde há uma semana que a Bielorrússia é palco de uma onda de protestos contra a reeleição do Presidente, Alexander Lukashenko, que muitos, incluindo a União Europeia, consideram fraudulenta.

No poder há 26 anos, Lukashenko obteve, segundo a Comissão Eleitoral Central do país, mais de 80% dos votos no dia 09 de agosto, conquistando o seu sexto mandato.

Desde então, mais de 6.700 pessoas foram presas durante ações de protesto e centenas dos já libertados relataram cenas de tortura sofridas na prisão.

Em resposta ao agravamento da crise, a UE acordou na sexta-feira impor sanções contra as autoridades bielorrussas ligadas à repressão e à fraude eleitoral.

No domingo, realizou-se um dos maiores comícios da oposição na história da Bielorrússia, com várias dezenas de milhares de pessoas em Minsk para exigir a saída do chefe de Estado, mas o Presidente já rejeitou a possibilidade de realizar novas eleições presidenciais.

A candidata da oposição à presidência, Svetlana Tikhanovskaya, que está refugiada na Lituânia, disse hoje que estava pronta para liderar o país, referindo que não “queria ser política”, mas que “o destino decretou que estaria na linha da frente diante da arbitrariedade e da injustiça”.

Tikhanovskaïa referiu-se à votação como uma fraude, depois de a Comissão Eleitoral lhe ter atribuído 10% dos votos.