“O Centro de Direitos Humanos Vesná, em associação com a Organização Mundial contra a Tortura (OMCT) procurou informações operacionais das vítimas de tortura e violência policial e entre 12 e 20 de agosto recolheu testemunhos de mais de 450 vítimas, confirmados com fotos e vídeo”, informou a organização não-governamental.
Segundo assinala a Vesná, os depoimentos de mais de cem vítimas foram registados em vídeo.
“Uma análise inicial dos testemunhos mostrou que as torturas sistemáticas e o tratamento cruel, desumano e humilhante em toda a Bielorrússia constituem um crime contra a humanidade”, indicou o centro.
Os defensores dos direitos humanos sublinharam que, apesar das múltiplas denúncias contra os agentes da ordem, o Comité de Investigações da Bielorrússia não abriu um único processo criminal nem deteve qualquer implicado nos abusos cometidos contra manifestantes pacíficos.
Diante desta situação, o Centro de Direitos Humanos Vesná, a Federação Internacional de Helsínquia para os Direitos Humanos e a OMCT dirigiram-se ao Relator Especial das Nações Unidas sobre a Tortura e outras penas cruéis, desumanas ou degradantes com um pedido de intervenção urgente.
A Bielorrússia está a ser palco de uma onda de protestos contra a reeleição do Presidente, Alexander Lukashenko, numas eleições que muitos, incluindo a UE, consideram fraudulentas.
A Bielorrússia entrou na terceira semana de protestos populares, na sequência das eleições de 09 de agosto, que segundo os resultados oficiais reconduziram Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, a um sexto mandato, com 80% dos votos.
A oposição denuncia a eleição como fraudulenta e milhares de bielorrussos saíram às ruas por todo o país para exigir o afastamento de Lukashenko.
Em resposta ao agravamento da crise, a UE acordou impor sanções contra as autoridades bielorrussas ligadas à repressão e à fraude eleitoral.
A principal adversária de Lukashenko nas presidenciais, Svetlana Tikhanovskaya, que segundo os números oficiais obteve 10% dos votos, refugiou-se na Lituânia dois dias após as eleições.
Os protestos têm sido duramente reprimidos pelas forças de segurança, com quase 7.000 pessoas detidas, dezenas de feridos e pelo menos três mortos.
Comentários