Dirigentes dos dois partidos estiveram esta manhã reunidos cerca de uma hora e meia na sede do Livre, em Lisboa, no âmbito da ronda de reuniões pedidas pelos bloquistas às forças políticas de esquerda e ecologistas, após as eleições legislativas de dia 10, que ditaram uma vitória da Aliança Democrática (AD).
À saída, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua – que se fez acompanhar do futuro líder parlamentar, Fabian Figueiredo, do dirigente Jorge Costa e de um dos fundadores do BE Luís Fazenda — disse esperar que esta reunião “possa abrir a porta a um diálogo permanente”.
O BE quer “convergência na oposição” e diálogo “dentro e fora do parlamento”, adiantando que os dois partidos falaram sobre cooperação entre grupos parlamentares.
“Conversámos sobre formas de operacionalizar essas convergências, formas de fazer iniciativas conjuntas, de coordenar a nossa ação e de manter um diálogo na Assembleia da República”, afirmou.
Para Mariana Mortágua, “é importante que a esquerda esteja atenta, mobilizada e seja capaz de representar todos os eleitores que querem prevenir retrocessos”, salientando que foram abordados temas como a despenalização da morte medicamente assistida — que ainda carece de regulamentação — e a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG).
“A responsabilidade da esquerda é de garantir um dialogo, não só para fazer oposição a essa direita, para garantir que não há recuo num único direito social, que não há nenhum recuo em Portugal, estamos nos 50 anos do 25 de Abril, mas também garantir que se vai tecendo uma alternativa e um projeto de esperança em Portugal”, defendeu.
Logo de seguida, o porta-voz do Livre Rui Tavares — acompanhado dos recém-eleitos Isabel Mendes Lopes (que será líder parlamentar) e Paulo Muacho, e a dirigente Patrícia Robalo – também sublinhou a importância de “coordenar trabalho parlamentar” no contexto atual.
Entre as hipóteses “em cima da mesa” estão “contactos e reuniões regulares entre os líderes de bancada parlamentar”, que permitam “uma certa complementaridade” nos agendamentos de iniciativas.
Tavares salientou que estes “contactos regulares” podem impedir “mal entendidos” ou “algum tipo de fogo amigo” que é de evitar “num contexto em que há uma extrema-direita muito agressiva e há uma direita que está em processo de radicalização, mesmo a direita tradicional”.
Na ótica de Rui Tavares, a esquerda deve “preparar as condições para uma governação com responsabilidade, para um futuro para o país, porque o país precisa das ideias de justiça social e ambiental que a esquerda traz”.
Questionados sobre a necessidade de um orçamento retificativo, a líder do BE, Mariana Mortágua, respondeu que “é importante saber primeiro se há ou não orçamento retificativo e conhecer esse orçamento”.
“Esperamos para ver se sequer vai existir ou não um orçamento retificativo, há muitos problemas no país para resolver e cabe também à esquerda cobrar todas as promessas que foram feitas”, avisou.
Rui Tavares insistiu na necessidade de um “compromisso de equidade e investimento” no qual seja debatido no parlamento qual o uso a dar ao ‘superavit’ atual.
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