O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) explica hoje numa nota informativa que “o sistema automático de proteção da passagem de nível para os utilizadores rodoviários funcionou conforme projetado e de acordo com o previsto na legislação aplicável” e que “o sistema de aviso luminoso e sonoro da PN [Passagem de Nível] estava ativo há 45 segundos, quando o acidente ocorreu”.
A colisão ocorreu às 09:45 de 19 de junho na passagem de nível de Carapeços, no concelho de Barcelos, distrito de Braga, onde a Estrada Nacional 204 cruza a Linha do Minho, causando a morte aos ocupantes da viatura: uma avó e uma neta, de 65 e 10 anos, e um amigo da mulher, de 71 anos, disse hoje à agência Lusa fonte policial.
Os investigadores constataram ainda que “as barreiras [de segurança] ficaram comprovadamente fechadas 31 segundos antes do acidente”, sublinhando que “veículo rodoviário entrou no espaço ferroviário após o fecho" das mesmas.
“Na entrada e passagem pelo espaço ferroviário, o veículo rodoviário não danificou as barreiras fechadas. As evidências indicam que o acidente se deveu a um comportamento do utilizador rodoviário não propiciado por lacunas no sistema ferroviário”, concluiu o GPIAAF.
A investigação refere que o comboio internacional de passageiros da CP, que tinha saído de Vigo, em Espanha, com destino à Estação de Campanhã, no Porto, circulava a 99 quilómetros por hora, ou seja, “dentro do limite de velocidade permitido no local”, abaixo dos 100 quilómetros por hora, velocidade máxima permitida naquela zona.
A Passagem de Nível (PN) em causa dispõe de sistema automático de proteção para utilizadores rodoviários e peões.
“Após o acidente foi constatado que os componentes do sistema de proteção automática da PN não apresentavam qualquer avaria ou dano, funcionando normalmente. Nomeadamente, nenhuma das barreiras de proteção apresentava qualquer dano, indicando que o veículo automóvel entrou no espaço ferroviário sem derrubar a barreira que vedava a via. O sistema de monitorização remota da PN não acusou qualquer tipo de anomalia durante a sequência de funcionamento relativa à passagem do comboio envolvido no acidente”, indica a nota informativa do GPIAAF.
Na zona destinada aos comentários, o GPIAAF destaca que “este acidente coloca em evidência, mais uma vez e de forma trágica, a necessidade de os utilizadores rodoviários das passagens de nível cumprirem escrupulosamente com as indicações dadas pelos sistemas de proteção existentes, resistindo à tentação de subestimar o risco envolvido”.
“Segundo os relatórios anuais de segurança publicados pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes, os acidentes em passagens de nível constituem a segunda maior categoria de acidentes envolvendo o transporte ferroviário, apenas ultrapassados pela colhida de pessoas fora destes atravessamentos”, sublinha este organismo de investigação.
O GPIAAF entendeu ainda "não haver motivo para, no âmbito das suas atribuições, proceder a um processo de investigação formal, decidindo arquivar o processo de análise preliminar aberto".
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