"As medidas relativas às interdições de transações com o banco central da Rússia, do afastamento da Rússia do sistema Swift e do banimento dos voos no espaço aéreo europeu são medidas que têm efeito imediato, com implementação nas próximas horas ou dias", disse à Lusa o ministro Augusto Santos Silva.
O governante falava no final da reunião, por videoconferência, dos ministros dos Negócios Estrangeiros (MNE) da União Europeia (UE), para decidir o reforço da ajuda militar às forças ucranianas face à invasão russa.
Augusto Santos Silva afirmou que a reunião do conselho dos MNE destinou-se a dar acordo político às propostas apresentadas pela Comissão Europeia e pelos altos representantes que "reforçam substancialmente as sanções contra a Rússia".
Em causa está a exclusão de vários bancos russos do sistema financeiro Swift, o fecho a companhias aéreas russas do espaço aéreo europeu e a interdição de atividades de difusão de órgãos de comunicação social "que fazem parte do aparelho de propaganda e desinformação da Rússia", disse o ministro.
As medidas agora formalizadas na reunião dos MNE e dos altos representantes "constituem um poderoso terceiro pacote de sanções à federão russa", reforçou Santos Silva.
O ministro realçou que, na área económica" as sanções preveem, na prática, "a interdição de qualquer transação financeira a partir da União Europeia com o banco central russo, a interdição do uso do sistema Swift em setores importantes da Rússia".
Já na área do isolamento internacional da Rússia trata-se de "uma ação coordenada entre todos os Estados-membros no sentido de não autorizar quaisquer movimentos de companhias áreas russas no espaço aéreo europeu", acrescentou.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros lembrou que Portugal já comunicou que decidiu fechar o espaço aéreo às companhias russas.
"Todas estas situações são tomadas em reação à agressão russa à Ucrânia e, portanto, esperemos que haja uma evolução positiva no que diz respeito à situação no terreno, isto é, que a Rússia compreenda que não pode continuar a invadir o território ucraniano e a desencadear uma guerra contra a Ucrânia porque o preço que paga por isso é muito elevado", sublinhou.
Santos Silva considerou ainda "muito importante a decisão política de hoje dos MNE" de autorizarem, pela primeira vez, que o mecanismo europeu para a paz financie a aquisição e fornecimento à Ucrânia de equipamento letal.
A Rússia lançou na quinta-feira uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
Comentários