Numa carta aberta publicada no diário alemão Bild, vários líderes do movimento pró-democracia de Hong Kong, entre eles o proeminente ativista Joshua Wong, pediram a Merkel que recorde “os terrores” do regime comunista da Alemanha Oriental.
“Você viveu em primeira mão os terrores de um governo ditatorial”, escreveu Wong, citado pela imprensa local.
Wong, um dos líderes do Demosisto, partido que defende a autodeterminação de Hong Kong, e outros ativistas encontram-se desde terça-feira em Taiwan, onde têm apelado à população que saia à rua em protesto contra a crescente pressão de Pequim, que considera a ilha uma província chinesa e já ameaçou usar a força caso esta declare independência.
“Os alemães estiveram corajosamente na vanguarda da luta contra o autoritarismo durante os anos 80″, acrescentaram os ativistas, na carta publicada hoje no jornal de maior circulação na Alemanha.
“Temos esperança que expresse a sua preocupação com a nossa situação catastrófica e que transmita as nossas exigências ao Governo chinês durante a sua estadia”, vincaram.
Também advertiram que a Alemanha deve refletir antes de fazer negócios com Pequim, já que a China “não cumpre a lei internacional e tem repetidamente quebrado as suas promessas”.
Merkel inicia na quinta-feira uma viagem de três dias à China, um importante parceiro comercial da maior economia da União Europeia, acompanhada de uma grande delegação empresarial.
Em Hong Kong vive-se um impasse político, com o movimento pró-democracia a definir cinco reivindicações, sem que o Governo dê sinais de qualquer concessão: a retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, e finalmente a demissão da chefe de Governi Carrie Lam e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei da extradição garantem estar agora em causa.
Tal como acontece com Macau, para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário. O Governo central chinês é responsável pelas relações externas e defesa.
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