"Esta forma de atuar da Turistrela é recorrente. Primeiro consuma-se o ato e logo se legaliza", frisa a ASE em comunicado enviado à Lusa, referindo-se à empresa concessionária do turismo da serra da Estrela e proprietária da Estância de Esqui.
A posição da ASE surge depois de ter sido tornado público que foi emitida uma Declaração de Impacto Ambiental (DIA) "desfavorável" relativa à colocação deste tapete rolante na Estância de Esqui da Serra da Estrela.
A decisão também obriga a que o tapete tenha de ser retirado do local, uma vez que ali foi colocado, em 2015, sem licenciamento prévio.
Tal como é apontado no processo, o tapete rolante visou substituir o antigo telesqui, mas os procedimentos para a legalização só foram iniciados depois de os trabalhos terem sido embargados.
Chegada à fase final, a comissão de avaliação do estudo de impacto ambiental chumbou o projeto, invocando fatores "ecológicos e condicionantes ambientais".
Argumentos que a ASE partilha, considerando que a DIA foi um modo de "dizer basta à Turistrela e à sua forma de atuar": "Não será fácil, mas o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sabe que nos terá sempre como parceiros quando pretender evitar a destruição de valores naturais", aponta aquela associação em comunicado.
Frisando que este caso "despertou consciências e já há quem defenda que o Estado deve equacionar a concessão do turismo da Serrra da Estrela à Turistrela", a ASE também teme que isto não passe de "uma pequena tempestade" e que, assim que acalme, se volte ao habitual, ou seja, que o tapete rolante ali continue, "até que algum Conselho de Ministros decida legalizá-los administrativamente".
A ASE garante que esta não foi a primeira vez que a Turistrela optou por agir primeiro e legalizar depois, e aponta como exemplos a construção de chalés na Penhas da Saúde (caso que chegou a tribunal), as "intervenções da estância de esqui, aprovadas posteriormente por um Plano de Intervenção específico da Torre" ou a "generalidade das obras das pistas de esqui e da área da Torre, que foram sendo construídas ilegalmente" e sem preocupação por qualquer estudo de impacto ambiental.
Especificando ainda outras situações, os amigos da Serra da Estrela reiteram que é preciso repensar o modelo de concessão turística na Serra da Estrela, bem como a "viabilidade" da Estância de Esqui, que classificam como "duvidosa".
"Vai sendo tempo de repensar uma outra estratégia para uma oferta turística com outra qualidade e mais sustentável para a Serra da Estrela", acrescentam.
Na segunda-feira, em declarações à Lusa, a Turistrela informou que vai interpor uma providência cautelar para suspender a obrigatoriedade de remover o tapete e que, paralelamente, vai avançar com uma ação judicial para mostrar que a decisão de chumbar a DIA está "menos bem fundamentada".
O administrador da Turistrela, Artur Costa Pais, garantiu ainda que foram respeitadas todas as regras ambientais e sugeriu que a análise do Estudo de Impacto Ambiental possa ser feita por uma "entidade independente", quer à Turistrela, quer ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
"De certeza que vão verificar que a razão está do nosso lado. Mas nós estamos tranquilos, até porque fizemos todas as alterações que fomos aconselhados a fazer e cumprimos com tudo o que nos foi pedido", afirmou.
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