Política: as palavras de homenagem
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República
Numa nota publicada no ‘site’ da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa assinala o papel único que Maria Teresa Horta representou na literatura portuguesa e a forma como se dedicou à "militância feminista", à "polémica desassombrada" e à "franqueza erótica".
O Presidente da República recorda ainda , numa nota publicada no ‘site’ da Presidência, a obra “Novas Cartas Portugueses” (1973), de que foi coautora com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, que lhe granjeou o lugar de única escritora viva a figurar num “livro recente sobre o cânone literário português”.
Essa obra, que partiu das “Cartas Portuguesas” atribuídas a Mariana Alcoforado, faz “um retrato sociologicamente cru e linguisticamente inventivo da condição feminina nos anos finais da ditadura”, valendo às autoras a perseguição judicial, mas também “vasta repercussão internacional”.
“A partir daí o nome de Maria Teresa Horta ficou associado como poucos à militância feminista, tanto no domínio político-social, como no literário, bem como à polémica desassombrada e à franqueza erótica. Poeticamente, esteve ligada à contenção afirmativa da Poesia 61, que depois prolongou por outros caminhos; na ficção, uma das suas obras com mais impacto foi a biografia romanceada da Marquesa de Alorna, de quem era descendente”, recorda o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa destaca ainda o ativismo de Maria Teresa Horta no jornalismo, no âmbito do qual “dirigiu o suplemento cultural de A Capital, foi chefe de redação da revista Mulheres e colaborou com os principais jornais portugueses”.
Maria Teresa Horta, que o Presidente da República classifica como “uma inspiração e um exemplo”, foi agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade em 2024.
Luís Montenegro, primeiro-ministro
Um “importante exemplo de liberdade e luta pela valorização da mulher” foi como Luís Montenegro descreveu Maria Teresa Horta. “Deixa na nossa história um importante exemplo de liberdade e luta pela valorização do lugar da Mulher. Em meu nome pessoal e do Governo, deixo aos familiares, amigos e leitores sentidas condolências”, lê-se numa publicação feita na rede social ‘X’.
Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues
A ministra da Cultura também manifesta “profundo pesar” pelo desaparecimento desta “figura notável” da cultura portuguesa, numa nota enviada às redações. E recorda que Maria Teresa Horta, ao lado de Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, “desafiou o regime ditatorial e tornou-se um marco do feminismo português”.
“A sua escrita, marcada por uma voz única e corajosa, que abordou temas como a liberdade, o corpo feminino, o erotismo e a condição da mulher na sociedade portuguesa, continuará a inspirar futuras gerações de escritores e leitores, mantendo viva a luta pela igualdade e pela liberdade de expressão”, salienta a ministra da Cultura no texto.
Na nota de pesar, a ministra Dalila Rodrigues recorda ainda que Maria Teresa Horta, com a sua "voz única e corajosa", produziu “uma obra vasta e fundamental” ao longo de seis décadas, elevando-a a “uma das mais importantes vozes da literatura portuguesa contemporânea”.
Pedro Nuno Santos, secretário-geral do Partido Socialista
Numa publicação na rede social X, Pedro Nuno Santos, secretário-geral do Partido Socialista, também comenta a partida de Maria Teresa Horta, a quem dirige "uma homenagem sentida a uma vida dedicada ao jornalismo, à poesia e à ficção, à militância permanente e sem tréguas pelos direitos das mulheres".
Aponta, em especial, "a coragem inspiradora que quebrou os silêncios da ditadura e abriu caminho a quem construiu a liberdade e democracia”.
Mariana Mortágua, Bloco de Esquerda
Também Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, lembra Maria Teresa Horta, descreve a "poeta extraordinária, jornalista comprometida, antifascista convicta e feminista corajosa", numa publicicação de homenagem.
Na página do Bloco de Esquerda, o partido faz referência ao poema “Nós mesmas”, "oferecido por Maria Teresa Horta, aquando da IV Conferência Nacional do Bloco de Esquerda, às mais jovens lutadoras pela igualdade". Agradecem "a uma das pessoas a quem devemos tudo", lembrando a "jornalista e poeta, feminista e antifascista".
Maria Teresa Horta apoiou publicamente, em 2021, a candidatura da bloquista Marisa Matias à Presidência da República.
Partido Comunista Português
Maria Teresa Horta foi militante do Partido Comunista Português durante 14 anos, de 1975 a 1989, quando se deu a queda do muro de Berlim e o início do fim da União Soviética. Foi convidada pelo partido a chefiar a redação da revista Mulheres, "uma publicação pioneira na reflexão audaz sobre a igualdade e emancipação das mulheres", refere o partido, numa publicação na rede social X.
O partido descreve Maria Teresa Horta como uma "destacada mulher da cultura, escritora e poetisa, com extensa obra publicada – como Tatuagens, Cidadelas Submersas ou Nossa Senhora de Mim - e importante percurso enquanto jornalista com participação em diversos jornais e revistas". Do seu percurso, destaca "a intervenção de resistência ao fascismo e de ativismo em defesa da emancipação da mulher".
Cultura: colegas escritoras e editoras portuguesas
Patrícia Reis, autora da biografia “A Desobediente”
Em reação à notícia, Patrícia Reis, autora da biografia “A Desobediente”, sobre Maria Teresa Horta, era também amiga pessoal daquela que ficou como a última das “Três Marias”. Em declarações à Lusa, fala de uma “perda imensa” e reconhece que apesar de já estar à espera, não estava verdadeiramente à espera, porque achava “que a Teresa era para sempre”.
“Claro que a Teresa é para sempre, porque a obra da Teresa está aí, está viva e estará viva enquanto nós a mantivermos viva, e eu espero que esse trabalho seja feito por todos nós leitores, pela editora, pela família, claro”.
Patrícia Reis é cronista do SAPO24 e lembrou "a amiga" que a inspirou numa crónica.
Em entrevista à RTP, a escritora comenta que Maria Teresa Horta teve "infância e uma adolescência muito marcada por alguns acontecimentos que a tornaram" na pessoa que era, como o abandono da mãe, por exemplo. Ainda assim, o espírito de lutadora permanecia, e a poetisa foi sempre "defensora da mãe".
"A vertente feminista da Teresa começa aí", explica, "no facto de perceber que a mãe também poderia ser livre como os homens". A biógrafa acredita que Maria Teresa Horta "muito rapidamente percebeu que a causa da mãe e das mulheres é também este principio de liberdade que a mãe advogou", e, por isso, escolheu tornar-se numa defensora dos direitos das mulheres.
"Tudo o que lhe aconteceu na infância converteu-se naquilo em que se tornou como poetisa, com escritora e também como jornalista", defende. "É preciso não esquecer que Maria Teresa é uma jornalista, uma jornalista aliás pioneira, uma das primeiras mulheres a entrar nas redações de jornais já na década de 60 e uma das primeiras a ter carteira profissional".
Em declarações à Lusa, adiciona que a perda “é muito difícil, porque a Teresa era uma mulher maior que tudo, era uma mulher que tinha o dobro do sangue de todos nós, nas suas convicções, na sua liberdade, no seu sentido de justiça e isso é absolutamente louvável”. Além disso, "uma inspiração", com a qual teve o privilégio de "perceber, conforme ia falando com ela, que falar com a Teresa era falar com um pedaço da História.
Para Patrícia Reis, “esta é uma oportunidade para relermos a obra da Teresa, revisitarmos as suas ideias e as suas convicções”.
Lídia Jorge, escritora portuguesa
Também Lídia Jorge, escritora portuguesa, reagiu à notícia, lembrando que Maria Teresa Horta "foi uma persistente" que viveu a "vida como se se estivesse a preparar para uma longa batalha", em entrevista à RPT.
"Maria Teresa Horta não teve a mais pequena facilidade deste mundo", continua, "toda a obra dela constitui o edifício irrepreensível". Segundo a poetisa, o trabalho de Maria Teresa Horta "é uma obra construída contra o seu tempo, é uma obra a favor de um tempo novo".
"Até aos últimos poemas que escreveu, ela escreveu-os avançando para diante", regista.
Luísa Costa Gomes, escritora portuguesa
A escritora Luísa Costa Gomes recorda a “generosidade extraordinária” de Maria Teresa Horta, enaltecendo, além da escrita e do feminismo, a sua faceta de “lutadora que nunca desarmou”.
Luísa Costa Gomes, que confessou ter sido apanhada de surpresa pela notícia da morte de Maria Teresa Horta, lembra a época em que ambas foram “bastante próximas”.“Era uma pessoa de uma generosidade extraordinária. E vai deixar saudades, porque tinha muitos amigos, muitas pessoas que a admiravam e que gostavam muito dela”, acrescenta.
Em relação à obra literária que Maria Teresa Horta deixa, Luísa Costa Gomes destaca a sua “carreira muito longa, muito consistente, muito inovadora e, curiosamente, muito dedicada ao amor”, algo “muito importante”.
Cultura Lisboa, EGEAC
Também a EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, E.M., S.A reagiu à notícia nas redes sociais, eternizando Maria Teresa Horta como uma "defensora dos direitos das mulheres e da liberdade".
Contraponto Editores
Em nota de imprensa, a Contraponto Editores, editora da biografia "A Desobediente", nota a "defensora incansável da liberdade e dos direitos das mulheres, numa altura em que assumir essa luta exigia uma determinação inabalável". Em homenagem à poetisa, defende que a sua "obra marcante merece continuar a ser lida e admirada por várias gerações".
A biografia foi publicada há menos de um ano e já vai na 6.ª edição, "uma obra cujo sucesso demonstra o grande e justo interesse pela figura da poeta", descreve a editora. A autora reforça que «a Maria Teresa é para sempre: na literatura, na poesia, no feminismo, no jornalismo». E destaca-a como «uma das mulheres mais importantes para a democracia, para uma ideia de liberdade partilhada entre homens e mulheres».
Fumaça, podcast de jornalismo de investigação
Vários jornais também já se manifestaram face à notícia da morte de Maria Teresa Horta, com a republicação de entrevistas e reportagens. Numa publicação nas redes sociais, o Fumaça, podcast de jornalismo de investigação, lembra que "ainda há poucos anos acontecia Maria Teresa Horta acordar sobressaltada com a ideia de que a PIDE lhe estava à porta".
Ao recordar-se do 25 de Abril, em 2021, Maria Teresa horta referia que “continua a ser o dia mais feliz da minha vida”, e a pedido do fumaça, escreveu um poema que agora partilham com os leitores, ao qual chamou de Liberdade.
Capicua, Cláudia Lucas Chéu, Ana Brandão
Para a ‘rapper’ Capicua “não há palavras que possam conter o agradecimento” devido a Maria Teresa Horta.
“Que estejamos à altura da sua coragem, talento e sentido de justiça. [...] Que possa estar agora ao colo do seu amor e que não deixe de escrever um poema por dia por toda a eternidade”, escreveu.
A autora Cláudia Lucas Chéu partilhou que se é hoje escritora, desobediente e recusa sentar-se “à secretária da tradição”, é também graças a Maria Teresa Horta.
Partilha idêntica fez a escritora e jornalista Anabela Mota Ribeiro, escrevendo que se não fosse Maria Teresa Horta não seria a mulher, a feminista e a escritora que é: “Devo-lhe muito. Devemos-lhe muito, não só as mulheres, mas sobretudo as mulheres”.
A atriz Ana Brandão agradeceu à “enorme” e “eterna desobediente” Maria Teresa Horta “todas as palavras” que deixou.
O ator e encenador Martim Pedroso agradeceu a Maria Teresa Horta “pela coragem de prevaricar e denunciar”, referindo que a democracia “não se vai esquecer”.
Também o ator e encenador André e. Teodósio agradeceu a Maria Teresa Horta “por tudo”. “A mulher censurada que lutou para que se pudesse escrever, para que se pudesse ser mulher, para que não se tivesse medo. O corpo social e individual, a identidade, a sexualidade, os afetos e a memória, num turbilhão gráfico de desejos sem culpa. Levada a tribunal, silenciada, fez de si o planeta de dedos rodeados de anéis solares”, escreveu sobre a “deusa sem igual”.
Manuel Alberto Valente e Pedro Chagas Freitas
O escritor e editor Manuel Alberto Valente defende que Maria Teresa Horta “foi mais do que a sua poesia, foi mais do que o seu feminismo”. “Foi uma mulher à frente do seu tempo: anunciou a liberdade e viveu-a em cada gesto e em cada palavra. Que os deuses a recebam com cânticos de alegria!”, escreveu.
O escritor Pedro Chagas Freitas considera a morte de Maria Teresa Horta “uma perda para a literatura” e “também para a liberdade”.
“Nem toda a escrita liberta, mas a dela sim. Bateu onde tinha de bater, incomodou quem tinha de incomodar, abriu portas que outros queriam manter fechadas. A maior parte da literatura passa, acumula-se em prateleiras, torna-se inofensiva. A dela não. A dela ficou. Fica”, partilhou.
Nas redes
As cantoras Aldina Duarte e Marta Hugon, a deputada Isabel Moreira, os ilustradores André Carrilho, Nuno Saraiva, Sílvia Rodrigues e Marta Nunes, a artista plástica Tamara Alves estão entre outras personalidades da Cultura que recordaram Maria Teresa Horta com a partilha de fotografias ou ilustrações.
Museu do Aljube
Entre as instituições que recordaram também hoje a escritora e jornalista estão o Museu do Aljube, que em 2021 teve patente a exposição “Mulheres e Resistência – ‘Novas Cartas Portuguesas’” na qual homenageou as “Três Marias”.
O museu lisboeta lembra a “figura brilhante da cultura portuguesa”, que deixa “um legado imenso de coragem e luta pela igualdade”.
Cinema São Jorge
O Cinema São Jorge, em Lisboa, recorda uma outra faceta de Maria Teresa Horta, a de “cinéfila militante”. “Nos anos 50 tornou-se a primeira mulher diretora de um cineclube, o ABC, cujo primeiro ciclo foi totalmente censurado pelo Secretariado Nacional de Informação”, partilhou.
UMAR
A UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta considera que “os feminismos estão de luto” com a morte de Maria Teresa Horta, a quem agradece muito “por tudo”.
Sindicato dos Jornalistas
O Sindicato dos Jornalistas lamentou hoje a morte de Maria Teresa Horta, recordando-a como uma "jornalista, poetisa e escritora que dedicou toda a sua vida à causa feminista e à luta pela democracia".
"Maria Teresa Horta foi uma lutadora e resistente toda a sua vida: pela liberdade, pelos direitos das mulheres e pelos direitos humanos em geral, pela dignidade de cada ser humano", afirmou o Sindicato dos Jornalistas, em comunicado.
Foi também filiada no Sindicato dos Jornalistas toda a sua vida, desde 1972, adiantou, tendo sido a associada número 257.
O sindicato acrescenta ainda que a escritora, que juntamente com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, foi autora das Novas Cartas Portuguesas, foi uma "mulher transgressora, divergente e resiliente, coerente no seu caráter e nos seus valores".
A escritora Maria Teresa Horta, a última das “Três Marias”, morreu hoje, aos 87 anos, em Lisboa.
Associação Portuguesa de Escritores
O presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE) lembrou Maria Teresa Horta, que morreu hoje, como uma mulher emotiva, inteligente, livre e corajosa, dona de uma obra que atingiu a invulgaridade, nem sempre “tão reconhecida quanto devia ter sido”.
José Manuel Mendes, que evocou primeiramente “a amiga” que Maria Teresa Horta foi, considerou que a sua perda é “um momento de luto para o país”.
“O país das letras, não só dos escritores, mas dos leitores, mas também aquele país real, sobre o qual ela nos deixou páginas inesquecíveis, no romance, como na prosa cronística e jornalística, e ainda em pormenores de particular beleza na poesia, que está reunida em diferentes volumes”, disse José Manuel Mendes, em declarações à Lusa.
Para o presidente da APE, Maria Teresa Horta “foi alguém decisivo, desde logo na luta feminista, no contexto de outras lutas por um humanismo irresignado. As ‘Novas Cartas Portuguesas’ são sempre referenciadas, mas eu gosto de lembrar nela os textos de poesia e de ficção, onde atingiu uma invulgaridade que, nesta hora, importa sublinhar”.
José Manuel Mendes evocou ainda a sua personalidade, “marcada profundamente pela emoção e pela inteligência, por uma autonomia” impossível de constranger.
Foi também uma mulher “livre, corajosa, apesar de todas as melancolias e do humor, que era um traço muito fino, que aqueles que com ela privaram puderam conhecer”, descreveu, sublinhando que é esta sua obra, “nem sempre tão reconhecida quanto devia ter sido, que passa e que fica para as gerações que irão lê-la”.
“O meu desejo mais profundo é que o futuro a mereça”, acrescentou.
Sociedade Portuguesa de Autores
O presidente da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), José Jorge Letria, enalteceu o talento literário e a combatividade pelos direitos fundamentais da escritora Maria Teresa Horta, que morreu hoje aos 87 anos, em Lisboa.
“Era uma escritora de grande talento, criativa, e de grande dedicação e empenho na defesa das suas ideias”, apontou o também autor, em declarações à agência Lusa.
A editora Dom Quixote anunciou hoje a morte da última das “Três Marias”, a par de Maria Isabel Barreno (1939-2016) e Maria Velho da Costa (1938-2020), autoras das “Novas Cartas Portuguesas” (1972).
“Maria Teresa Horta foi incansável no feminismo, na defesa dos direitos dos trabalhadores e do acesso da população à cultura”, reiterou o presidente da SPA, entidade da qual a autora era cooperante desde 1999.
Nascida em Lisboa em 1937, Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi dirigente do ABC Cine-Clube, militante ativa nos movimentos de emancipação feminina, jornalista do jornal A Capital e dirigente da revista Mulheres.
“Novas Cartas Portuguesas”, escritas a partir das cartas de amor dirigidas a um oficial francês por Mariana Alcoforado, constituiu-se como um libelo contra a ideologia vigente no período pré-25 de Abril, que denunciava a guerra colonial, as opressões a que as mulheres eram sujeitas, um sistema judicial persecutório, a emigração e a violência fascista.
“Eu acompanhei a produção desse livro e o processo que se seguiu de repressão por parte do regime”, recordou Letria, apontando outra obra, no seu entender fundamental, do percurso de Maria Teresa horta, intitulada “Minha Senhora de Mim” (1971).
O presidente da SPA disse sentir “grande mágoa” pelo desaparecimento da autora, de quem era amigo há mais de 60 anos: “Perdemos uma grande mulher, uma grande cidadã e escritora de grande talento, o que empobrece a cultura portuguesa”.
Maria Teresa Horta recebeu em 2014 o Prémio de Consagração de Carreira da SPA, indicou o responsável.
Com livros editados no Brasil, em França e Itália, Maria Teresa Horta foi a primeira mulher a exercer funções dirigentes no cineclubismo em Portugal e é considerada um dos expoentes do feminismo da lusofonia.
Foi amplamente premiada ao longo da sua carreira literária, destacando-se, só nos últimos anos, o Prémio Autores 2017, na categoria melhor livro de poesia, para “Anunciações”, a Medalha de Mérito Cultural com que o Ministério da Cultura a distinguiu em 2020, o Prémio Literário Casino da Póvoa que ganhou em 2021 pela obra “Estranhezas”, e a condecoração, em 2022, com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade, pelo Presidente da República.
*Com Lusa
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