“Estamos hoje aqui com total disponibilidade para ouvir aquilo que vai ser a postura dos sindicatos, disponíveis para chegar a um entendimento dentro daquilo que é um aumento de 300 euros para o próximo ano para estes motoristas e no fundo perceber qual é o incumprimento que a ANTRAM efetivamente criou, na justa medida em que só hoje é que podemos apresentar as nossas contrapropostas”, disse aos jornalistas André Matias de Almeida, advogado e representante da ANTRAM, à entrada para a reunião entre os sindicatos representativos dos camionistas e a associação empresarial do setor, sob a mediação do Ministério do Trabalho.
André Matias de Almeida esclareceu também que pretende ouvir as explicações da FECTRANS, sobre as acusações de a ANTRAM não estar a cumprir o acordo coletivo de trabalho.
“Tudo o que são ameaças causam entropia naquilo que é a boa fé negocial de qualquer das partes”, acrescentou.
Também à entrada para a reunião, José Oliveira, da FECTRANS, afirmou esperar que a ANTRAM responda às propostas apresentadas pelo sindicato e que, no final da reunião, tomará as posições que achar necessárias “para responder as reivindicações dos trabalhadores e à melhoria geral dos salários neste setor”.
Os sindicatos representativos dos camionistas e a associação empresarial do setor voltam hoje à mesa de negociações, sob a mediação do Ministério do Trabalho, mas com uma ameaça de greve para meados de agosto.
Os sindicatos Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e Independente dos Motoristas de Mercadorias anunciaram no dia 06, após o seu 1.º Congresso Nacional, uma paralisação, como início a 12 de agosto.
Estes dois sindicatos independentes, juntamente com a federação sindical filiada na CGTP, têm vindo a negociar com a associação empresarial do setor, a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), a revisão do contrato coletivo, sob a mediação da Direção Geral do Emprego e Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho.
O presidente do SNMMP, Francisco São Bento, disse à agência Lusa que, as negociações estão ainda numa fase inicial, pois o processo tem sido muito moroso, reconhecendo a existência de algumas divergências.
No entanto, a ANTRAM foi surpreendida com o anúncio da greve, pois considerava que as negociações estavam a decorrer com normalidade.
A Federação Sindical dos Transportes (FECTRANS), filiada na CGTP, apresentou informalmente à ANTRAM no dia 04 de julho uma proposta para que, em janeiro de 2021, o salário base dos motoristas de pesados de mercadorias passe para os 850 euros, a que serão acrescidos os diversos subsídios de função.
A FECTRANS deverá formalizar esta proposta hoje à mesa das negociações.
Esta federação e o Sindicato Independente dos Motoristas e o dos Motoristas de Matérias Perigosas têm vindo a negociar a revisão do Contrato Coletivo do setor com a ANTRAM, desde maio, tendo acordado um protocolo com a vista à implementação de um salário base de 700 euros para os camionistas, em janeiro de 2020.
A este salário base, acresce, como agora, vários subsídios inerentes ao desempenho da atividade e as diuturnidades.
Os dois sindicatos independentes vão para as negociações com a intenção de entregar de imediato o pré-aviso de greve caso a associação patronal não responda às suas reivindicações.
O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.
A elevada adesão à greve de três dias surpreendeu todos, incluindo o próprio sindicato, e deixou sem combustível grande parte dos postos de abastecimento do país.
O SNMMP reivindicava salários de 1.200 euros para os profissionais do setor, um subsídio específico de 240 euros e a redução da idade de reforma.
Segundo fonte sindical, existem em Portugal cerca de 50.000 motoristas de veículos pesados de mercadorias, 900 dos quais a transportar mercadorias perigosas.
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