Depois da publicação no Twitter na segunda-feira, esta foi a primeira vez que António Costa falou publicamente sobre o incêndio de Monchique, que deflagrou na sexta-feira, durante o balanço da resposta operacional e das medidas adotadas pelas várias entidades na sequência da onda de calor registada nos últimos dias, que decorreu na Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Carnaxide.
"Não devemos ter a ilusão de que este incêndio [de Monchique] vai ser extinto nas próximas horas. O incêndio irá, aliás, agravar", avisou, antecipando que o fogo "lavrará nos próximos dias".
Este incêndio, acrescentou, "foi a exceção que confirmou a regra do sucesso da operação ao longo destes dias".
A exceção do fogo de Monchique, que não foi apagado como os outros 25 grandes incêndios desta vaga de calor, aconteceu "por circunstâncias próprias", que têm a ver com o terreno, o clima, o tipo de floresta e "outros fatores que no final poderão ser apurados", referiu o primeiro-ministro.
António Costa mostrou-se, contudo, otimista, garantindo que "os meios estão totalmente empenhados” e que se pode confiar na sua capacidade de desempenhar essa missão".
"O facto de ao fim de cinco dias de incêndio felizmente não termos nenhuma vida a lamentar, termos um número reduzido de feridos e termos incerto o número de construção afetadas, significa que a execução do plano e as suas prioridades tem vindo a ser seguida", elogiou, deixando uma "palavra de confiança no trabalho da Proteção Civil".
Sobre notícias que dão conta de que bombeiros terão estado parados durante o incêndio por alegada ausência de coordenação, António Costa disse que não lhe cabe substituir-se "àquilo que são as opções técnicas e operacionais", mas reproduziu o que lhe foi explicado.
"Temos de ajustar os meios, os seus esforços e empenho às oportunidades efetivas que existem ao combate. Há uma janela de oportunidade de combate efetivo que é muito limitada e que se concentra na noite e princípio da manhã. É necessário preservar os meios para não estarem a atuar quando não tem utilidade efetiva", transmitiu, o que "implica que os comandos tenham de gerir os tempos de descanso".
Questionado sobre o porquê deste incêndio não dar tréguas desde sexta-feira, António Costa considerou que "a causa estrutural de todos os incêndios tem a ver com o ordenamento da floresta e sua composição", recordando que Monchique "tem muitas espécies de combustão rápida", estando sinalizado como um concelho de principal risco.
"Não foi feito num ano aquilo que não tinha sido feito ao longo de dez anos", admitiu, referindo-se à rede primária de prevenção de incêndios.
A este propósito, o chefe do executivo recordou a visita que fez a Monchique no início de junho.
"Esta tarde pudemos ver três fases muito importantes da preparação que, em todo o país, está a ser feita para podermos viver este verão de 2018 com maior tranquilidade e maior confiança. Vimos em primeiro lugar o trabalho extraordinário que o município está a fazer em conjunto com os proprietários para a construção das faixas de proteção à volta dos aglomerados, para construir as faixas de gestão dos combustíveis”, descreveu na altura António Costa, de acordo com o semanário algarvio Barlavento.
[Notícia atualizada às 16:01]
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