Na Escola Primária Infante D. Henrique, em pleno centro histórico de Angra do Heroísmo, foram recolhidas, esta manhã, 261 amostras de saliva de crianças entre o primeiro e quarto ano de escolaridade, no dia em que arrancou a testagem em massa de despiste do SARS-CoV-2 dos alunos do 1.º e 2.º ciclos nos Açores nas ilhas Terceira e São Miguel, num processo já habitual e com elevada adesão.
Turma a turma, em fila indiana, com o máximo de ordem possível, as crianças foram chegando e saindo, rapidamente, entre sorrisos e boa disposição.
“Eles aceitam muito bem. Vêm bem dispostos e não custa muito”, adiantou à Lusa a coordenadora da escola Maria Dulce Cardoso.
A maioria dos pais assinou o consentimento informado para a realização do teste de despiste. “Houve uma grande adesão”, revelou a docente.
A realização dos testes transmite “maior confiança” a pais e professores, mas há também, segundo Maria Dulce Cardoso, uma responsabilidade na comunicação dos casos de infeção.
“Os pais telefonam, dizem que têm casos, que testaram. Há bom senso nesse sentido”, frisou.
Desde março de 2019 que Tiago Marçal trocou o trabalho habitual de enfermagem no Centro de Saúde de Angra do Heroísmo pela testagem ao coronavírus SARS-CoV-2 que provoca a covid-19.
Nestas operações de testagem em massa com os mais pequenos, os profissionais de saúde recorrem a testes de saliva, o que facilita o processo de recolha.
“O facto de ser teste de saliva também ajuda. Não é um teste invasivo, corre bem. Há algumas crianças mais assustadas, mas são poucas”, adiantou.
A amostra é enviada para um laboratório para testagem por PCR, mas a recolha é mais simples, sobretudo para utentes com menos de 10 anos.
“Temos um tubinho que tem um bocal mais largo para ser mais prático para os miúdos. É só cuspir lá para dentro, fechar o saco e seguir. É muito simples”, explicou o enfermeiro.
A equipa da Unidade de Saúde da Ilha Terceira previa recolher hoje mais de 300 amostras em duas escolas de Angra do Heroísmo.
Até 25 de janeiro, a operação de testagem deverá chegar a todas as escolas do 1.º e 2.º ciclos da ilha, num universo de cerca de 3.000 alunos.
Ao todo, nos Açores, a operação deverá chegar a cerca de 11.500 alunos das ilhas Terceira e São Miguel, as únicas duas do arquipélago em que está detetada transmissão comunitária do SARS-CoV-2.
Segundo Tiago Marçal, no rastreio anterior, no arranque do ano letivo, “foram poucos os casos” positivos detetados, mas agora o cenário é “completamente diferente”.
Só hoje foram detetados 605 novos casos positivos de infeção nos Açores, o maior número diário desde o início da pandemia, e a região tem agora 2.801 casos de infeção ativos.
A covid-19 provocou 5.511.146 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.203 pessoas e foram contabilizados 1.774.477 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países, sendo dominante em Portugal.
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