A segunda parte de um estudo sobre TPC, realizado entre 8 e 29 de novembro transato, e com uma amostra de 1.614 inquéritos, sendo a maioria a professores (69,5%) e encarregados de educação (46,6%), vem demonstrar que “todos os ciclos de ensino apontam os 15 a 30 minutos como duração média para a realização dos trabalhos de casa” e que são os professores do 1º ciclo de ensino que atribuem com maior frequência TPC.
Apenas 13,5% dos inquiridos afirmam que nunca atribuem TPC no 1º ciclo.
É também no 1º ciclo que os encarregados de educação mais controlam os TPC dos educandos e que a sua presença é mais efetiva na realização desses trabalhos de casa.
Segundo o autor do inquérito, Alexandre Henriques, professor e responsável do ComRegras, um dos ‘blogs’ de Educação mais conceituados em Portugal, a principal razão pela qual os professores atribuem TPC aos alunos é a “criação de hábitos de estudo” (66%), e, em segundo lugar, o fomento da autonomia do aluno (53%).
Sobre a regularidade de TPC, os encarregados de educação e alunos inquiridos afirmam que há TPC todos os dias, incluindo aos fins de semana, e, mais uma vez, se revela que são os estudantes do 1º ciclo que têm a frequência de TPC “mais incisiva”.
“Nas escolas existem turmas bastante heterogéneas, mas o mesmo acontece com a política escolar sobre a temática dos trabalhos de casa. É comum encontrar professores na mesma escola e até a lecionarem o mesmo ano, com visões diferentes sobre os trabalhos de casa e a aplicarem quantidades e frequências distintas. Além do bom senso que deve imperar, pois a carga letiva em Portugal é elevada, as chefias intermédias e até os diretores escolares devem estabelecer critérios a fim de evitar excessos”, observou Alexandre Henriques, reconhecendo que os TPC têm óbvias “vantagens” e “deve ser atribuído quando necessário, mas não deve ser imposto por mera “tradição”.
Na questão sobre como é que encaram os TPC atribuídos aos alunos, os docentes consideram uma tarefa natural, que não perturba os alunos (77,7%), enquanto os pais, por uma margem de cinco pontos percentuais, apontam os TPC como uma “tarefa exigente”, “causadora de stresse mas suportável” (44,5%). Apenas 15,8% dos encarregados de educação considerou os TPC como uma “tarefa desagradável e perturbadora”.
À questão “considera os TPC um problema, em virtude da elevada carga letiva dos alunos”, tanto os encarregados de educação (36,2%), como os professores (24,1%), referem que a carga horária letiva será um dos motivos para a redução ou abolição dos TPC.
Outra das conclusões que se destacam no inquérito demonstra que os TPC atribuídos “são proporcionais quanto ao esforço exigido”, “não são perturbadores”, mas devem, contudo, “ser limitados no futuro quanto à sua duração do trabalho exigido”.
Com a progressão nos ciclos de ensino, a percentagem de alunos e encarregados de educação que afirma ter TPC diariamente diminui, atingindo quase metade no ensino secundário (22%), comparativamente com o 1º ciclo (39%).
Na primeira parte do estudo, divulgado a 18 de novembro, e feito a pais, alunos e professores, ficou demonstrado que a maioria era a favor dos TPC, considerando que melhoram o desempenho. Os encarregados de educação, todavia, tenderam a julgar que eram em excesso.
A generalidade dos inquiridos (quase 70%) concorda que os trabalhos de casa melhoram o desempenho/aproveitamento dos alunos, sendo os professores os que manifestam maior concordância com a utilidade dos TPC. Na generalidade, do total de inquiridos, apenas 24% não considera os TPC bem-vindos.
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