“Neste momento está a chover dentro de alguns gabinetes e estúdios de dança. Há dias em que os professores têm de tirar a água das salas com baldes. Temos fungos e humidade. Temos ratos e baratas. Os últimos espetáculos dos alunos foram cancelados por motivos de segurança”, conta à Lusa Beatriz Dias, da Associação de Estudantes da ESD, descrevendo, sem parar, vários problemas da escola pertencente ao Instituto Politécnico de Lisboa (IPL).
Beatriz Dias está a terminar o curso de dança e diz que os problemas existem desde o primeiro dia em que entrou na escola situada no Bairro Alto, há três anos.
Segundo a finalista, há alunos que parecem já não estranhar as fitas amarelas e vermelhas que delimitam a zona da sala de convívio, onde caiu um pedaço de teto. Há quem já esteja habituado a ver cortinas onde deviam estar portas a esconder as sanitas das casas de banho ou quem não se questione porque têm aulas em estúdios construídos na garagem do edifício.
“As condições foram sempre as mesmas, porque este é um espaço que não foi criado de raiz e, por isso, está tudo a rebentar. Vão fazendo remendos, mas não é suficiente. Os alunos já não estão a conseguir trabalhar”, lamenta.
Nos estúdios não há regulação da temperatura ambiente, as janelas não fecham e o sistema de aquecimento está avariado, segundo a aluna, que explica que é difícil dançar com frio ou, em alternativa, sem tirar as camisolas.
Uma das últimas peripécias aconteceu no final do primeiro período de aulas no átrio, que funciona como sala de espetáculos: os alunos iam apresentar um espetáculo que teve de ser cancelado porque “ninguém conseguia ligar o sistema elétrico e quando chamaram um eletricista ele disse aos professores que estávamos todos expostos a perigos”, recorda.
A Lusa contactou a direção da escola para confirmar as situações relatadas pela direção da associação de estudantes, mas ninguém esteve disponível até ao momento.
Segundo informações da associação de estudantes, a secretária de Estado do Ensino Superior deverá visitar hoje a escola, mas “a associação de estudantes desconhece a razão da visita”.
Com o objetivo de reivindicar melhores condições, os alunos realizam uma greve e manifestação nas instalações da escola na próxima segunda-feira de manhã.
Criada há 30 anos, a ESD desenvolve a sua ação nos domínios da formação superior em dança e tem sido um polo criativo por onde passaram muitos profissionais de dança em Portugal.
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