
Araqchi recordou que os ataques israelitas contra as instalações nucleares representam uma violação das Convenções de Genebra e uma "invasão do território iraniano", para não falar das vítimas civis causadas pelos bombardeamentos israelitas que começaram na sexta-feira e que, segundo o Crescente Vermelho iraniano, já fizeram mais de uma centena de mortos e 800 feridos.
O MNE afirmou que o Irão respondeu aos ataques israelitas com base no princípio da defesa territorial, frisando tratar-se de "um direito legítimo de qualquer país, defender-se contra a agressão”
“E foi isso que as nossas forças armadas começaram a fazer há duas noites", disse, acrescentando que o principal alvo do Irão não é a população civil de Israel, mas as suas infraestruturas "militares e económicas".
O ministro lembrou também que o ataque israelita ocorreu no meio de conversações indiretas com os Estados Unidos (que acusou de cumplicidade nos ataques israelitas) sobre o programa nuclear da República Islâmica, o catalisador deste conflito, descrevendo-o como uma manobra para sabotar as negociações.
A suspensão da sexta reunião entre Washington e Teerão, prevista para hoje em Omã, é uma consequência direta da operação de Israel.
"Israel não quer negociações, e um ataque ao Irão no meio destas demonstra a oposição do regime israelita a quaisquer negociações. Isto aconteceu repetidamente em anos anteriores. Sabotou as negociações e os Estados Unidos cederam-lhe", acrescentou Araqchi.
O MNE iraniano afirmou, igualmente, que o ataque de Israel a uma importante instalação de gás nas margens do Golfo tinha como objetivo "expandir a guerra para além" do Irão.
"Alargar o conflito à região do Golfo Pérsico é um grande erro estratégico, provavelmente deliberado, que visa estender a guerra para além do território iraniano", disse Araghchi aos diplomatas estrangeiros, referindo-se ao ataque de sábado à refinaria de South Pars, no sul do país.
O ministro disse também “estar absolutamente convencido” de que o Presidente Donald Trump estava plenamente consciente do plano israelita e disse ter "provas sólidas".
“Examinámos a situação de perto e temos muitas provas de como as forças americanas ajudaram o regime, mas mais importante do que as nossas provas são as declarações de Trump, que expressou claramente o seu apoio em entrevistas e afirmou claramente que os EUA são parceiros nestes ataques e devem assumir a responsabilidade", disse o ministro.
Israel e o Irão estão em guerra desde a madrugada de sexta-feira, quando Telavive bombardeou instalações militares e nucleares iranianas causando, desde aí, pelo menos 100 mortos, incluindo lideranças militares e cientistas, e 800 feridos, segundo a única contagem oficial de vítimas apresentada até agora pelas autoridades iranianas, que não inclui eventuais novas vítimas de hoje e de sábado.
Os ataques israelitas, efetuados por 200 aviões contra uma centena de alvos, atingiram sobretudo Teerão (norte) e incluem instalações nucleares, como as centrais de enriquecimento de urânio de Fordo e Natanz (centro), o aeroporto nacional de Mehrabad e várias bases militares.
O Irão iniciou a sua retaliação na sexta-feira à noite e realizou, até agora, pelo menos seis ataques com centenas de mísseis direcionados às cidades de Telavive e Jerusalém, que fizeram pelo menos 13 mortos, entre os quais duas crianças e dois adolescentes, e 150 feridos.
Comentários