Na votação no Bundestag (a câmara baixa do parlamento), os grupos parlamentares da coligação no Governo — que junta social-democratas, verdes e liberais — e a oposição conservadora e parte da extrema-direita, votaram a favor do alargamento, tendo apenas os deputados do Die Linke (extrema-esquerda) votado contra.
No debate prévio à votação, a ministra da Defesa, a social-democrata Christine Lambrecht, salientou que com o alargamento da NATO todos são “testemunhas de como se escreve a História europeia”.
A ministra alemã lembrou que tanto a Finlândia como a Suécia abandonaram uma longa tradição de neutralidade que, no passado, consideravam garantir a sua segurança.
No entanto, a “guerra brutal de agressão contra a Ucrânia” iniciada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, provocou uma mudança de posição dos dois países, acrescentou.
“Vemos como é frágil a liberdade na Europa e como é necessário repensar a segurança no nosso continente”, adiantou ainda, sublinhando que o Kremlin (a Presidência russa) conseguiu o efeito contrário ao que pretendia com a guerra.
“Com esta expansão, reforçamos a arquitetura de segurança e a ordem que Putin quer destruir”, afirmou Christine Lambrecht, acrescentando que “o Ocidente que ele tanto despreza está a tornar-se mais forte”.
A entrada da Suécia e da Finlândia também ajudará a fortalecer a Aliança no seu flanco leste e a aumentar a “marca europeia” na organização, o que, ao mesmo tempo, significa aliviar o fardo para os Estados Unidos, disse a ministra.
Por sua vez, os representantes do Die Linke votaram contra o alargamento, referindo-se às concessões feitas pela Suécia e Finlândia à Turquia, país que inicialmente ameaçou vetar a entrada de Estocolmo e Helsínquia e exigiu mais cooperação no combate às organizações descritas como terroristas por Ancara.
O preço que a NATO tem de pagar à Turquia é “muito alto”, alegou o deputado do Die Linke Gregor Gysi, referindo que o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, se tornará ainda “mais ousado” a reprimir qualquer oposição ao seu Governo.
Poucas horas depois, o alargamento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) também foi aprovado pela Câmara do Parlamento territorial, o Bundesrat, o Conselho Federal, que representa os estados federados, o que significa que a Alemanha se juntou à Dinamarca, Noruega, Islândia, Estónia, Reino Unido e Canadá, países que já concluíram o processo de ratificação do alargamento da organização.
A Suécia e Finlândia, que garantem provisoriamente o estatuto de países “convidados”, apenas irão tornar-se membros de pleno direito após a ratificação dos protocolos de acesso pelos parlamentos dos 30 países que integram a Aliança Atlântica.
Os processos de ratificação dos protocolos de adesão variam de um país para outro: enquanto os Estados Unidos precisam da aprovação de dois terços do Senado (câmara alta do Congresso), no Reino Unido não é necessária uma votação formal no parlamento.
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