Os protestos dos agricultores italianos, que decorrem há dias, não têm para já a magnitude daqueles que ocorrem por exemplo em França, Alemanha e Bélgica, mas ainda assim registaram-se hoje várias ações de protesto do norte ao sul de Itália, com centenas de tratores a bloquear algumas estradas ou a realizarem marchas lentas.
Os agricultores italianos, que também se manifestaram nas ilhas da Sardenha e da Sicília, bloqueando portos por algumas horas, consideram-se discriminados, criticam as regras impostas e insurgem-se contra o aumento do custo das matérias-primas.
Também estarão representados nos protestos agendados para Bruxelas, onde se encontram desde hoje os líderes da União Europeia (UE), anunciou hoje a principal confederação sindical agrícola italiana.
O Governo italiano, uma coligação de direita e extrema-direita liderado por Giorgia Meloni, diz-se ao lado da luta dos agricultores e também responsabiliza Bruxelas pela crise no setor, com o líder dos populistas da Liga e vice-primeiro-ministro, o eurocético Matteo Salvini, a apontar o dedo em concreto ao executivo comunitário liderado por Ursula von der Leyen.
“Os tratores que estão nas ruas de toda a Europa têm problemas com a atual Comissão Europeia. A Comissão Von der Leyen, deste ponto de vista, é desastrosa, no que diz respeito ao trabalho e aos direitos”, declarou hoje, desde Estrasburgo, França, o vice-primeiro-ministro.
Também o ministro da Agricultura, Francesco Lollobrigida, apontou “erros” a Bruxelas, argumentando que “reduzir a produção mantendo o consumo significa comprar mais a quem não respeita as mesmas regras em matéria de direito do trabalho e de ambiente””.
“Temos de dizer que algumas das opções da UE são erradas, e temos de o dizer claramente”, afirmou, após receber uma delegação de agricultores em Verona.
Os protestos de agricultores na Polónia em 2023, contra a liberalização das importações da Ucrânia, estenderam-se a outros países da Europa de Leste e à Alemanha, após o anúncio, em dezembro, de uma redução nas subvenções e a eliminação de benefícios fiscais sobre o gasóleo agrícola.
Em França, os protestos multiplicaram-se desde o outono por todo o país – contra a ‘transição verde’ e a política agrícola europeia e reivindicando melhor remuneração para os seus produtos, menos burocracia e proteção contra as importações – e chegaram à Bélgica.
Com a contestação a alastrar pela Europa, alcançando Espanha, Itália, Grécia e, mais recentemente, Portugal, a Comissão Europeia lançou um “diálogo estratégico” sobre o futuro da agricultura, em contagem decrescente para as eleições europeias (6 a 9 de junho).
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