Qual o projeto que está em causa?

O consórcio LusoLav, composto por empresas como a Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto apresentou uma série de mudanças ao traçado da linha de alta de velocidade, que vai construir, entro o Porto e Oiã. Caso sejam implementadas, as alterações podem vir a ter grandes implicações quer na infraestrutura, quer na mobilidade e no planeamento urbanístico da região.

Quais são as alterações propostas?

No novo projeto, a estação desloca cerca de dois quilómetros para sul, para a zona de Vilar do Paraíso. A estação tinha sido inicialmente prevista para ficar na área de Santo Ovídio, e esta mudança implica agora um prolongamento da Linha Rubi do Metro do Porto até à nova localização. A estação deixará de ter a possibilidade de uma ligação direta à Linha Amarela do Metro do Porto, sendo que estava previsto um duplo interface com as linhas Amarela e Rubi.

No projeto original, uma ponte rodoferroviária atravessaria o Douro. Agora, serão duas pontes distintas, que separam a ferrovia da rodovia.

O novo projeto implica também uma redução da obra em túnel. No lugar da extensão de 13 quilómetros na região de Gaia, com 10 quilómetros em túnel, a proposta atual limita a execução de túneis  a cerca de 5 quilómetros e aumenta a parte em escavação, aterros e a construção de muros.

O projeto já foi aprovado?

A proposta não vinculativa foi aprovada na quinta-feira pela maioria socialista na Câmara de Vila Nova de Gaia, com o voto contra dos dois vereadores do PSD. Já a Assembleia Municipal de Gaia, por proposta do BE, adiou a votação dos pareceres para depois das eleições legislativas, que se realizam a 18 de maio.

O autarca do Porto, Rui Moreira, acredita que o concessionário está a tentar resolver "alguns problemas que existem com o projeto em Gaia", mas assegura que o Porto terá "uma palavra a dizer" sobre as eventuais alterações.

"A estação de Gaia, que logo depois tem de levar uma estação de metro, é tão funda, tão funda, tão funda, que provavelmente vai ter uma saída para a Nova Zelândia, porque fazem no sítio mais improvável em termos orográficos", afirma Rui Moreira, dizendo ser normal que o concessionário avalie a sua localização.

"Parece normal que alguém olhe para aquele projeto e pergunte se aquilo faz algum sentido. Se alguém está agora, tardiamente, a olhar para isso, com certeza que depois virão falar connosco e adequar eventuais alterações aquilo que é a nossa vontade porque, apesar de tudo, teremos seguramente uma palavra a dizer", referiu.

O que aconteceu em Espinho?

O consórcio LusoLav pediu pelas abordagens à população em Espinho, que pode vir a ser expropriada para a construção da linha de alta velocidade. Várias pessoas queixaram-se esta segunda-feira das abordagens que são muitas vezes feitas ao fim de semana.

"Queria começa por reiterar aquilo que por diversas vezes já transmitimos à Câmara Municipal, relativamente ao nosso pedido de desculpas pela forma como entrámos no território de Espinho", disse hoje o administrador do LusoLav Rui Guimarães, durante uma sessão de esclarecimento que decorreu ao final da tarde de ontem no Centro Multimeios de Espinho.

O administrador do consórcio disse ainda que quer abordar os proprietários alvo de expropriações antes da aprovação do Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE), que deverá ser posto em consulta pública em agosto e que o consórcio espera ver aprovado em 24 de outubro.

"Formalmente só devemos começar a falar em conversas de expropriação a partir do momento que tenhamos a aprovação do RECAPE, que será no dia 24 de outubro. Essa seria a data na qual nós nos devíamos sentar e falar, o que não impede que a gente o faça antes", admitiu hoje em Espinho.

Rui Guimarães apontou que há "95% de probabilidades" do traçado apresentado hoje em Espinho ser o que será submetido a RECAPE, sendo objetivo do consórcio arrancar com os trabalhos em janeiro.

Quando estarão concluídas as obras?

Estima-se um período de cinco anos para a implementação do projeto, com conclusão prevista para 2030.

*Com Lusa