O presidente do Benfica e empresário Luís Filipe Vieira foi detido. O tema tomou de assalto a atualidade desta quarta-feira, não fosse Vieira presidente de um dos maiores clubes portugueses. Este é um conjunto de perguntas que o podem ajudar a enquadrar o tema.
1 - Houve mais detidos?
Sim, segundo uma nota do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) foram detidos um dirigente desportivo, dois empresários e um agente do futebol e realizados cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária, em Lisboa, Torres Vedras e Braga.
Os detidos são Luís Filipe Vieira, o seu filho Tiago Vieira, o empresário José António dos Santos, conhecido como “o rei dos frangos”, e o agente desportivo Bruno Macedo.
2 - Espera, o Rei dos Frangos é aquele dono daquela cadeia de churrasqueiras?
Não. Aliás, a cadeia de restaurantes emitiu um comunicado para sublinhar que “EM NADA tem a ver com o circo metáforico “do rei dos frangos”, nem com nenhuma das pessoas envolvidas nesse grupo de peças que se veem noticiando desde 2019”.
O “rei dos frangos” a que a comunicação social se refere é o empresário José António dos Santos, de 79 anos, que é dono de um dos maiores grupos de agricultura da Europa (e que também é o maior acionista individual da SAD do Benfica).
3 - Porque é que Luís Filipe Vieira foi detido?
No comunicado do DCIAP, é indicado que os detidos são suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.
Em causa, adianta, estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de serem “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.
4 - O SL Benfica já reagiu? Como fica a questão da presidência do clube?
A SAD do Benfica informou hoje que as funções do presidente serão "asseguradas nos termos previstos na lei e nos estatutos", na sequência da detenção de Luís Filipe Vieira.
"As funções desempenhadas pelo Presidente do Conselho de Administração serão, na medida que se mostre necessária, asseguradas nos termos previstos na lei e nos estatutos", lê-se num comunicado da SAD do Benfica à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
"A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD (“Benfica SAD”) informa [...] que as suas instalações foram hoje objeto de buscas no âmbito de uma investigação envolvendo o Presidente do Conselho de Administração, Luís Filipe Vieira, que, conforme comunicado divulgado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal, terá sido constituído arguido e detido para primeiro interrogatório, encontrando-se o respetivo inquérito em segredo de justiça", referem os encarnados.
5 - O clube ou a SAD encarnada são abordadas no processo?
No mesmo comunicado, lê-se que "nem a Benfica SAD nem o Sport Lisboa e Benfica (ou qualquer entidade por si controlada) foram constituídos arguidos no âmbito desta investigação, tendo sido prestada toda a colaboração solicitada pelas autoridades relevantes".
"A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD informa ainda que, por estar a decorrer o período de subscrição das obrigações representativas do empréstimo obrigacionista 'Benfica SAD 2021-2024' no contexto da respetiva oferta pública, será solicitada a aprovação pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários de uma adenda ao prospeto aprovado em 01 de julho de 2021", concluem as 'águias'.
6 - Luís Filipe Vieira está onde? Vai passar a noite na esquadra?
Segundo o Observador, o presidente do SL Benfica, que foi detido por ordem do Tribunal Central de Instrução Criminal, vai passar a noite nas instalações da PSP de Moscavide. Amanhã será apresentado ao juiz Carlos Alexandre, que está a liderar o processo, para o primeiro interrogatório judicial, com vista à aplicação de medidas coação.
7 - Podem existir mais medidas contra Vieira?
O comunicado do Ministério Público diz que as detenções efetuadas hoje serviram para “acautelar a prova, evitar ausências de arguidos e a prevenir a consumação de atuações suspeitas em curso”. Ou seja, dá a entender que poderá existir perigo de destruição de prova, perigo de fuga e continuidade da atividade criminosa, algo que poderá levar o procurador Rosário Teixeira a promover medidas de coação que podem variar entre cauções de valor elevado ou até mesmo a prisão preventiva.
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